O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), vai abandonar o cargo, dois dias depois de ter sido constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na região autónoma, anunciou hoje o próprio.
O anúncio foi feito no Funchal, após uma reunião da Comissão Política do PSD/Madeira.
No seu discurso, Albuquerque nunca referiu as palavras demissão ou renúncia, mas afirmou que o nome que será proposto para liderar o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, com o apoio parlamentar do PAN, será discutido e aprovado no Conselho Regional do partido, convocado para segunda-feira.
Miguel Albuquerque disse que apenas a estabilidade política garante a capacidade de “planear, prever e executar com tempo e ponderação medidas e decisões” que beneficiem a população, salientando que sempre defendeu e continuará a defender esse princípio.
“Por conseguinte, se neste momento para bem da Madeira é necessário encontrar uma solução de estabilidade governativa, eu estarei sempre disponível para contribuir para uma boa solução”, afirmou, reforçando que para si a região estará sempre “em primeiro lugar”.
“Este é o lema da minha escola política e do meu partido”, acrescentou.
Questionado sobre o que o fez mudar de posição, uma vez que tinha garantido nos últimos dois dias que não se demitia do cargo, o líder do executivo madeirense disse que foram “as circunstâncias”.
“Foram obviamente as circunstancias, porque quando eu disse que não me demitia tinha um quadro de estabilidade parlamentar que me permitia governar, como esse quadro se alterou, eu tenho de pensar na Madeira e na estabilidade e no progresso do nosso povo”, declarou.
Na sua declaração de hoje, Miguel Albuquerque começou por destacar o atual quadro governativo, que, a seu ver, tem permitido o crescimento económico da Madeira, com recordes no turismo, a baixa da taxa de desemprego e a confiança dos investidores da atividade privada.
Albuquerque lembrou que decorrem importantes investimentos como o Hospital Central e Universitário e a nova unidade de saúde do Porto Santo, bem como projetos previstos de construção de novas habitações e de melhoria das respostas dos lares, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Tenho de pensar na Região Autónoma da Madeira, na sua população e no seu futuro”, sustentou, defendendo que só é possível concretizar estes objetivos “num quadro de estabilidade política e confiança económica e social”.
E concluiu: “Para mim, a Madeira e os madeirenses, a quem servi durante 30 anos, estão e estarão sempre em primeiro lugar”.
Na quinta-feira, o PAN/Madeira considerou que Miguel Albuquerque já não tem condições para se manter no cargo, indicando que apenas continuará a viabilizar o acordo de incidência parlamentar com o PSD se for indigitado um novo líder para o executivo.
Esse acordo permite à coligação que governa a região, PSD/CDS-PP, ter maioria absoluta no parlamento regional.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido, num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes.
O processo envolve também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, os três detidos numa operação policial desencadeada a 24 de janeiro na Madeira e em várias cidades do continente.
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