Para ser eleita, Teresa Morais precisaria de dois terços dos votos dos deputados, só possível com um acordo entre PS e PSD, que não existe. A votação é feita durante a tarde, por voto secreto e em urna.

Na terça-feira, na audição em comissão parlamentar que antecedeu o escrutínio, Teresa Morais reconheceu que a sua eleição para o conselho fiscalizador das ‘secretas’ é “particularmente difícil”, mas garantiu que levará a sua candidatura até ao fim.

Na comissão, a candidata fez uma exposição sobre a sua experiência, nomeadamente quanto aos serviços de informações, depois de ter sido membro do conselho de fiscalização das ‘secretas’, entre 2004 e 2011.

E foi elogiada por deputados do PS, como João Soares, que reconheceu as suas capacidades.

Formalmente, os socialistas não fizeram qualquer pergunta (ao contrário dos outros partidos), e Jorge Lacão registou, “sem discordar”, o currículo de Teresa Morais. O deputado socialista elogiou, até, a dedicação da candidata nos anos que exerceu funções no conselho de fiscalização.

Os socialistas não apoiam a candidatura da ex-ministra do Governo PSD-CDS e atual deputada, por considerarem não ter um perfil adequado.

O social-democrata Paulo Mota Pinto terminou o seu mandato em março e, em abril, uma fonte do PS admitiu à Lusa que os socialistas aceitavam a continuação do antigo vice-presidente do PSD no cargo.

Num clima de desentendimento entre os dois maiores partidos, em que também a escolha dos membros eleitos para a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) está num impasse, o PSD propôs, em maio, o nome da ex-ministra e deputada Teresa Morais.

Nos dias seguintes, o PS fez várias declarações em que recusou a escolha da Teresa Morais, por não ter um perfil adequado e fonte socialista afirmou que o partido não subscreve a proposta do PSD.

Em 24 de maio, PSD apelou a todos os partidos para votarem em consciência e de acordo com o currículo de Teresa Morais e acusou o PS de ter “uma razão oculta e secreta” para não apoiar esta candidatura.

Segundo a lei, CFSIRP é um órgão de fiscalização dos serviços de informações portugueses, composto por “três cidadãos de reconhecida idoneidade e no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos” que são eleitos pela Assembleia da República por voto secreto e maioria de dois terços dos deputados.