Após terminar o Conselho de Ministros extraordinário dedicado exclusivamente à evolução dos incêndios do Norte e Centro do País o Presidente da República foi o primeiro a falar e destacou a “serenidade” demonstrada pelos portugueses depois de um período particularmente difícil. “Foi bom que o primeiro-ministro e o Presidente da República não tivessem tido uma mensagem facilitista.”
"Como ontem se tinha admitido, a noite podia ser complicada, o dia de hoje podia ser ainda complicado, mas vivido pelos portugueses com serenidade, que deve ser agradecida e realçada" disse também
“Não podemos ter a tentação da facilidade. Não podemos garantir que o dia de hoje não tenha ainda a projeção daquilo que foi vivido, mas esperamos que amanhã que amanhã e depois de amanhã seja já muito mais claro o efeito do combate corajoso das populações e de todos os operacionais”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa: "Não é uma mera solidariedade institucional, é uma solidariedade estratégica"
Marcelo Rebelo de Sousa revelou também que as deliberações deste Conselho de Ministros não exigem iniciativas de leis, mas sublinhou que concorda com todas. "Não é uma mera solidariedade institucional, é uma solidariedade estratégica", apontou e salientou que estão todos "juntos" por "uma causa nacional".
De seguida falou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que começou por agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa “a solidariedade institucional e estratégica e o acompanhamento que tem feito a todo o momento do evoluir da situação”
“Em segundo lugar, reiterar o nosso pesar pela partida de três bravos bombeiros que estavam ao serviço de todos nós. Expressar neles a nossa gratidão a todos aqueles que estão no terreno a proteger as pessoas e o território. Não vamos baixar os braços. Vamos utilizar toda a nossa capacidade para estar ao lado daqueles que sofrem”, acrescentou.
Partiu depois para anunciar que a “situação de alerta será prolongado até às 23h59 da próxima quinta-feira” e avisou que o país não pode “subestimar a situação”. “Estamos bem conscientes de que as horas difíceis ainda não acabaram”.
Anunciou também a elevação para a situação de calamidade em todos os municípios afetados por estes incêndios, o que permite que a equipa multidisciplinar que está no terreno e é coordenada pelo ministro Castro Almeida possa oferecer o apoio mais imediato e urgente às pessoas que ficaram sem casa, sem meios de subsistência e trabalhar no “elenco de todos os prejuízos que estão a ser causados para que a resposta seja o mais rápida possível”.
Mais ainda garantiu que a situação de calamidade vai ser também ter em conta “regimes excecionais para que todos os profissionais da Administração Pública possam estar disponíveis para as operações nos próximos dias, a começar pelos bombeiros”.
Após uma "primeira análise", e "se houver enquadramento", o Governo promete que não deixará de acionar "o Fundo de Solidariedade Europeu, se os requisitos desse acionamento se vierem a verificar".
O primeiro-ministro anunciou também que se está a trabalhar com o INE "no elenco de todos os prejuízos que estão a ser causados, para que a resposta possa ser o mais rápida possível".
"Não podemos perdoar atitudes criminosas"
Mais no final da conferência de imprensa o primeiro-ministro deixou uma "mensagem muito clara": "Não vamos deixar um minuto do nosso esforço por preencher na ação de prevenção e dissuasão de comportamentos criminosos".
"Não vamos regatear nenhum esforço na ação repressiva. Não podemos perdoar a quem não tem perdão. Não podemos perdoar atitudes criminosas que estão na base de muitas das ignições que ocorreram nos últimos dias", prometeu também, apesar de reconhecer que há "fenómenos naturais" e "circunstâncias de negligência", mas "coincidências a mais".
"O Estado vai atrás dos responsáveis por estas atrocidades. Não vamos largar aqueles que, em nome de interesses particulares, são capazes de colocar em causa os direitos, as liberdades e as garantias, e a própria vida, dos nossos cidadãos, e são capazes de empobrecer o nosso país", continuou, e garantiu que vai criar "equipa especializada em aprofundar com todos os meios a investigação criminal à volta dos incêndios florestais".
Repetiu por fim a promessa: "Não vamos largar estes criminosos. Não vamos largar este combate a quem coloca todo um país em causa. Sei que esperam do sistema judicial uma condenação mais eficaz daqueles que já foram detidos, e muitos deles julgados, por este crime. Mas não é desses que estou a falar. Há interesses que sobrevoam estas ocorrências e que só mesmo se não podermos. Tudo vamos fazer para identificar e levar às mãos da justiça".
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