Mohamed Houli Chemlal confirmou, perante o Tribunal, que os terroristas tinham como objetivo atacar a Sagrada Família, igreja católica em Barcelona.

O El Mundo afirma que esta informação foi confirmada por fontes jurídicas presentes no interrogatório, que se realizou esta terça-feira, 22 de agosto, com o juiz Fernando Andreu.

Chemlal, de 21 anos, residente em Ripoll, esteve uma hora e vinte minutos perante o juiz, confirmando a informação que já tinha fornecido aos Mossos d'Esquadra, a polícia catalã: estavam a ser preparados atentados "de maior alcance".

Nas declarações que Mohamed Houli Chemlal prestou à polícia, explicou como pretendiam fabricar bombas e como foram obtidos os materiais para as mesmas. Chemlal identificou também alguns membros da célula que organizou os atentados.

Foi pedida prisão efetiva para Houli Chemlal e o seu advogado de defesa solicitou liberdade com medidas cautelares. A decisão do juiz apenas será conhecida quando os interrogatórios aos quatro detidos estiverem terminados. Está previsto que todos os detidos sejam ouvidos ainda durante o dia de hoje.

O segundo detido que começou a ser ouvido, ao inicio da tarde de hoje, é Driss Oukabir, originário de Marsella (França) em cujo nome foi alugada a viatura usada no ataque na Rambla, em Barcelona, e cujo irmão Moussa, morreu juntamente com outros quatro terroristas, abatidos pela policia, em Cambrils.

Os outros dois detidos que comparecem hoje perante o juiz são Mohamed Aallaa - detido em Ripoll e irmão de Sadi Aallaa, outro dos terroristas mortos -, e Salah El Karib, que a polícia relaciona com Driss Oukabir.

Os quatro são membros da célula que realizou os ataques, e que incluía pelo menos doze terroristas, dos quais cinco foram abatidos em Cambrils, dois morreram na explosão na quarta-feira na casa de Alcanar, e o último, Younes Abouyaaqoub, foi morto segunda-feira pela policia catalã.

Quatro promotores da Audiência Nacional, incluindo o procurador-geral, Jesús Alonso, participam na audição dos detidos implicados nos ataques de quinta e sexta-feira em Barcelona e Cambrils (Tarragona).

Na noite de quarta-feira, dia 16, uma explosão ocorreu numa residência em Alcanar, a 190 km de Barcelona, no sudoeste da Catalunha, matando uma pessoa e ferindo outras 16. A maior parte destes ferimentos ocorreram quando as forças de socorro (bombeiros e polícias) no local foram apanhados por uma segunda explosão enquanto estavam a investigar a primeira.

Esta casa, acredita a polícia, operava como uma espécie de "fábrica de engenhos explosivos" e onde, ao que tudo indica, a célula terrorista se preparava para carregar o material nos veículos alugados.

A explosão terá obrigado o grupo terrorista a optar por um plano alternativo. José Lluis Trapero, responsável pela polícia que está a investigar os atentados, já tinha revelado que os ataques em Barcelona no dia seguinte estão muito provavelmente relacionados e que estavam reunidas provas suficientes para concluir que os ocupantes da residência estavam a preparar um plano para atacar vários pontos de Barcelona.

Em Barcelona, a 17 de agosto, uma carrinha subiu um passeio pedonal nas Ramblas, percorrendo mais de 500 metros em ziguezague, indo deliberadamente contra transeuntes até embater contra um quiosque. Este atropelamento em série provocou 15 mortos e 120 feridos.

A Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, é um templo católico projetado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí, conhecida por ainda não estar terminada, tendo a sua construção sido iniciada em 1882.

[Notícia atualizada às 16h06]