Terminou o julgamento por impeachment de Donald Trump. Depois de ter sido condenado à destituição a 13 de janeiro na Câmara dos Representantes, o ex-presidente dos EUA foi hoje absolvido na câmara alta do Congresso dos EUA.

Trump já reagiu à absolvição. Estando banido de utilizar o Twitter, o ex-presidente fez chegar uma declaração aos meios de comunicação norte-americanos, onde se congratulou pelo resultado do julgamento e disse ser "apenas mais uma fase da maior caça às bruxas da história do país".

"O nosso movimento histórico, patriótico e belo para fazer a América grande outra vez ainda só está a começar”, disse ainda, prometendo novidades "nos próximos meses". O ex-Presidente agradeceu também aos seus advogados e defensores na Câmara e no Senado, e afirmou ter cumprido “orgulhosamente” a Constituição e os “princípios legais sagrados” do país.

Para a condenação de Trump — que o proibiria permanentemente de concorrer a cargos políticos e públicos — eram necessários dois terços dos votos para a condenação, ou seja, 67 votos por parte dos 100 que compõem esta câmara legislativa. No entanto — e como era esperado na antevisão a esta votação —, a votação foi maioritariamente pela condenação, mas não foi suficiente.

Com a câmara dividida entre 50 senadores Democratas e 50 senadores Republicanos — do partido do ex-presidente — era necessário que pelo menos 17 senadores Republicanos votassem ao lado dos Democratas. Todavia, apenas 57 dos legisladores votaram pela condenação, com 43 senadores — todos eles Republicanos — a votarem pela absolvição.

Esta foi, todavia, a votação mais bipartidária da história no que toca a processos de impeachment no Senado, já que sete senadores Republicanos votaram pela condenação. Nunca antes tantos senadores tinham votado ao lado do partido rival para condenar um presidente.

Os senadores do partido Republicano a votar pela condenação foram Richard Burr, Bill Cassidy, Susan Collins, Lisa Murkowski, Mitt Romney, Ben Sasse e Pat Toomey.

Na história dos EUA, apenas outros dois presidentes tinham sido alvo de impeachment, Andrew Johnson em 1866 e Bill Clinton em 1998. Trump, porém, foi o primeiro a ser alvo de impeachment por duas ocasiões distintas. A primeira decorreu em dezembro de 2019, quando o ex-presidente foi acusado de reter ajuda financeira à Ucrânia para obrigar este país a investigar supostos atos de corrupção do filho do seu adversário político Joe Biden.

Esse processo de destituição também passou na Câmara de Representantes, ou seja, Trump foi formalmente alvo de impeachment, e também esbarrou no Senado, acabando por ser absolvido. Na altura, apenas um senador republicano tinha votado a favor da condenação, o ex-candidato presidencial Mitt Romney, tal como hoje.

Minutos após a votação, que absolveu Donald Trump, o líder da minoria Republicana no Senado, Mitch McConnell, disse que não há "nenhuma dúvida" de que o ex-Presidente foi, "na prática e moralmente, responsável por ter provocado" o ataque ao Capitólio dos EUA.

Porém, McConnell explicou que não votou para a destituição de Trump, porque este "não é constitucionalmente elegível" para tal, porque já não é Presidente.

Segundo o senador, uma condenação teria criado um precedente "perigoso", dando ao Senado o poder de condenar rivais políticos, impedindo-os, assim, de ocuparem futuros cargos.

McConnell acrescentou que o ‘impeachment’ é uma ferramenta de "recurso para um fim restrito".

Por seu lado, o líder Democrata Chuck Schumer disse que o voto para absolver Donald Trump será visto "como um voto de infâmia na história do Senado dos Estados Unidos".

Schumer aplaudiu os sete Republicanos que se juntaram à votação dos Democratas para condenar Trump.

O senador considerou ainda que o dia 6 de janeiro, data da invasão do Capitólio, foi o "legado final, terrível" de Trump e acrescentou que a mancha das suas ações nunca será "lavada".

Como correu o julgamento

O julgamento de Trump no Senado começou no passado dia 9 com o ex-presidente a ser acusado de "incitação à insurreição" no ataque dos seus apoiantes ao Capitólio no dia 6 de janeiro.

Os Democratas encerraram o caso contra Donald Trump hoje, ao desistirem de um plano de última hora para o depoimento de testemunhas, que poderia ter prolongado o processo e atrasado um veredito.

Democratas e Republicanos acabaram por chegar a um acordo para que fosse registada uma declaração de um legislador Republicano sobre um telefonema acalorado no dia do motim, entre Trump e o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, segundo a qual os Democratas estabeleceram a indiferença de Trump perante a violência.

Alguns comentadores crêem que a escolha dos Democratas em não arrastar o julgamento estará relacionada com a preocupação do Presidente dos EUA Joe Biden. em direcionar todos os esforços do país no combate à pandemia.

O líder dos Republicanos no Senado norte-americano, Mitch McConnell, anunciou hoje que votaria pela absolvição de Donald Trump, acusado de "incitação à insurreição" no ataque ao Capitólio, segundo uma mensagem enviada ao grupo parlamentar e citada pelos 'media'.

McConnell explicou que considera que o Senado não tem capacidade para julgar um ex-presidente para a sua destituição e referiu que tendo em conta essa conclusão votaria "pela absolvição".

Na quinta-feira, os procuradores Democratas pediram a condenação de Trump, mostrando imagens de vídeo que procuravam fazer uma relação direta entre as declarações públicas do ex-Presidente, denunciando fraude eleitoral nas presidenciais de 3 de novembro de 2020, e a ação da multidão que atacou o Capitólio, em 06 de janeiro passado, provocando cinco mortes no próprio dia e ondas de choque que se continuam a fazer sentir.

Na sexta-feira, decorreu a apresentação dos argumentos de defesa, a cargo de uma equipa de três advogados contratados por Trump, que acusaram os Democratas de quererem "vingança política".Usando as mesmas armas que os procuradores democratas, o advogado Michael van der Veen divulgou vídeos para demonstrar que Donald Trump se apresentava regularmente como o protetor da "lei e ordem" e que também os seus adversários por vezes faziam discursos inflamados.

Hoje, o chefe da acusação, o congressista Democrata Jamie Raskin, tomou a palavra às 13h00 (18h00 de Lisboa) para proferir a sua declaração final, seguida pelos argumentos da defesa de Trump sobre a acusação de "incitamento à insurreição" pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro. Cada um dos partidos teve duas horas para argumentar.

A confusão reinou no Senado por duas horas depois de Raskin indicar que desejava ter acesso ao testemunho da legisladora Republicana Jaime Herrera Beutler e às trocas de mensagens com o líder da minoriaRepublicana na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy.

Raskin também pediu as notas que a congressista tomou sobre uma conversa entre Trump e McCarthy durante o ataque ao Congresso.

Herrera Beutler - uma das poucas Republicanas que tinha votado pelo impeachment de Trump na Câmara dos Representantes - fez saber num comunicado que McCarthy lhe disse que Trump expressou aprovação pela a multidão que invadiu o Capitólio.

A congressista indicou que em 6 de janeiro, quando McCarthy "finalmente" falou com Trump para lhe pedir que falasse publicamente contra os distúrbios, a princípio o presidente repetiu a "mentira" de que foram membros do movimento Antifa que entraram no Capitólio.

"McCarthy rejeitou isso e disse que eram simpatizantes de Trump. Então, de acordo com ele, o presidente disse: 'Bem, Kevin, acho que essas pessoas estão mais chateadas com a eleição do que tu'", disse a legisladora.

Cinco Republicanos votaram em conjunto com os 50 senadores Democratas a favor da permissão de testemunhas no processo, o que gerou caos na Câmara, abrindo uma veia de incerteza sobre os próximos passos a serem dados.

O senador Republicano Ted Cruz alertou que tal poderia abrir "uma caixa de Pandora". Finalmente, um acordo permitiu que a declaração de Herrera Beutler fosse apenas lida no plenário e incluída na ata.

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