"O The New York Times pede desculpa pelo cartoon publicado na secção de Opinião na sua edição internacional que provocou condenação generalizada por ser antissemita".

É assim que o jornal inicia a nota, publicada este domingo, em que o jornal norte-americano se retrata da publicação de um cartoon do português António Moreira Antunes — que assina simplesmente como António.

"O cartoon foi publicado na quinta-feira na edição impressa do jornal e retratava um presidente Trump invisual e com um kipá a ser guiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de Israel, desenhado como um cão com trela e uma estrela de David na coleira".

"A imagem foi ofensiva e foi um erro de julgamento publicá-la", assumiu o jornal na nota de editor publicada no Twitter.

"Este tipo de representação é sempre perigosa, e num tempo em que o antissemitismo está a aumentar em todo o mundo é ainda mais inaceitável", disse Eileen Murphy, porta-voz do jornal. "Estamos comprometidos em garantir que algo como isto não volta a acontecer".

Não é a primeira vez que um cartoon de António gera polémica.

Em 1992 um cartoon do Papa João Paulo II chocou alguns setores mais conservadores da sociedade portuguesa. 17 anos depois, uma nova ilustração, visando Bento XVI, também com um preservativo, não gerou tamanha polémica.

Questionado sobre o Correio da Manhã sobre esta questão, António Moreira Antunes disse: "Ninguém falou comigo. Não tenho qualquer colaboração com o New York Times. É possível que tenham retirado do meu Facebook. Não sei. Amanhã [hoje] vou tentar saber o que aconteceu".

O jornal clarificou que o cartoon, originalmente publicado no Expresso, integra a CartoonArts International uma plataforma de syndicate — distribuidora de material jornalístico — com cartoons de todo o mundo.