A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou hoje que vai demitir-se da liderança do partido Conservador, desencadeando uma eleição interna cujo vencedor vai assumir a chefia do governo.

May começou por dizer ao país, referindo-se ao Brexit, que é sua convicção que quando o povo toma uma decisão ela deve ser levada a cabo, algo que, lamenta, não conseguiu fazer.

"Estou tão certa hoje como estava há três anos que em democracia, quando se dá ao povo uma escolha, temos o dever de implementar a sua decisão. Eu tentei o meu melhor para o fazer. Negociei os termos da saída e da nova relação com os novos vizinhos de forma a proteger empregos, a nossa segurança e a União. Fiz tudo o o que consegui para convencer os deputados a apoiar o acordo. Infelizmente, não tive sucesso. Tentei três vezes. (...) É agora claro para mim que é do melhor interesse do país que um novo primeiro-ministro lidere esse esforço. Por isso anuncio hoje a minha demissão como líder do Partido Conservador a 7 de junho, para que um sucessor possa ser escolhido".

"O processo para escolher um novo líder deve ser iniciado na próxima semana. Mantive a Rainha [Isabel II] informada das minhas intenções, e continuarei a servir como primeira-ministra até que o processo esteja concluído", adiantou May.

Em termos práticos, May manter-se-à em funções até que o partido tenha eleito um novo líder e este assuma funções, pelo que ainda será a primeira-ministra em funções a receber a visita de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump, entre 03 e 05 de junho. Enquanto primeira-ministra, não pode renunciar até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor.

A demissão da liderança deverá tornar-se efetiva a 10 de junho, iniciando os procedimentos, que passam, numa primeira fase, por uma série de votações dentro do grupo parlamentar que eliminam progressivamente os vários candidatos a apenas dois, que depois serão sujeitos ao voto de todos os militantes do partido.

May já tinha prometido em março que iria sair, mas na altura pediu para "acabar o trabalho", assumindo como missão implementar o resultado do referendo de 2016 que determinou o ‘Brexit'.

Hoje assumiu que a saída antecipada não é do seu agrado. "É e continuará a ser matéria de grande arrependimento para mim não conseguir conduzir o Brexit. Caberá ao meu sucessor fazê-lo e honrar o resultado do referendo. Para ter sucesso, ele ou ela terão de reunir consenso no Parlamento, algo que eu não consegui. Esse consenso só será possível se os diferentes lados do debate estiverem dispostos a encontrar um compromisso".

"(...) Acredito que o Partido Conservador pode renovar-se nos próximos anos. Nós conseguimos concretizar o Brexit e servir o povo britânico com políticas inspiradas nos nossos valores: Segurança, liberdade, oportunidade. Os valores que me guiaram na minha carreira".l

Emocionada, a voz de May tremeu no final do discurso quando disse: "Deixarei em breve este cargo, que foi a honra da minha vida desempenhar. (...) Fui a segunda primeira-ministra, mas certamente não a última. Não saio com rancor, mas com uma enorme e eterna gratidão pela oportunidade de servir o país que amo".

A pressão sobre Theresa May aumentou nos últimos dias dentro do Governo e entre deputados até agora fiéis, devido à perspetiva de o acordo de saída da União Europeia (UE) ser chumbado no parlamento por uma quarta vez.

Ontem, 23 de maio, demitiu-se a ministra dos Assuntos Parlamentares, Andrea Leadsom, eurocética e pró-‘Brexit’. Leadsom justificou a demissão afirmando “já não acreditar” que o Governo esteja em condições de concretizar o resultado do referendo de junho de 2016 que ditou o ‘Brexit’.

Apresentada na terça-feira, a nova proposta de lei para o ‘Brexit’ estava prevista para ser votada a 07 de junho e incluía como novidade a possibilidade de voto sobre um novo referendo, o que desagradou a vários ministros.

As três anteriores propostas de ‘Brexit’ negociadas pela primeira-ministra britânica com Bruxelas foram rejeitadas por maiorias parlamentares, conduzindo a um impasse que obrigou Londres a prolongar o prazo de saída da União Europeia até 31 e outubro.

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