“Timor-Leste continua a promover a construção da paz e do Estado, através da partilha da experiência sobre a reconciliação e a justiça, da solidariedade e no apoio técnico na área de eleições com o g7+ (…), esperamos que a g7+ se torne, durante esta Assembleia-Geral, um membro observador, e apelamos a todos os Estados-membro a aceitarem esse pedido”, afirmou o responsável da diplomacia timorense, na sua intervenção na sede da ONU, em Nova Iorque.
O g7+ é uma organização intergovernamental que junta Estados frágeis, países que enfrentam conflitos ativos ou que têm experiência recente de conflito e fragilidade, criado em 2010 por iniciativa de Timor-Leste e que tem o seu secretariado sediado em Díli.
A organização, que tem a sua sede europeia em Lisboa, é composta por 20 países: Afeganistão, Burundi, Chade, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Haiti, Iémen, ilhas Comores, ilhas Salomão, Libéria, Papua Nova Guiné, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Somália, Sudão do Sul, Timor-Leste e Togo.
Durante o seu discurso, Dionísio Soares Babo destacou ainda as relações externas de Timor-Leste.
“Aprofundamos as nossas relações não só com Indonésia e Austrália, mas também com todos os membros da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático], e aguardamos serenamente uma decisão do nosso pedido de adesão a esta organização”, sublinhou o ministro timorense, que abordou as relações com os países lusófonos.
“Mantemos igualmente laços de amizade e cooperação dos países CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], de que orgulhosamente somos parte integrantes. Nesse sentido estamos certos de que a língua portuguesa, falada por cerca de 258 milhões de pessoas em todo o mundo, será a próxima língua oficial das Nações Unidas”, vaticinou o responsável político.
A nível interno, Dionísio Soares Babo assinalou o compromisso de Timor-Leste face ao aquecimento global, incluindo “políticas, leis e regulamentos” do país para combater as alterações climáticas, ainda que a produção timorense “seja menos de 0,003% das emissões globais dos gases de efeito de estufa”.
Quanto ao combate à pobreza, Timor-Leste vê este como um dos mais difíceis Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, sublinhando que a sua erradicação é o “principal objetivo” do Executivo do primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak.
“Continuaremos a incrementar as nossas condições para formar e atrair oportunidades de investimento e a diversificar o nosso desenvolvimento social e económico, nomeadamente educação, cuidados de saúde, redução de mortalidade, nutrição infantil e criação de emprego para os jovens”, disse o ministro timorense.
Dionísio Soares Babo expressou ainda a disponibilidade de Timor-Leste em apoiar as missões de paz e apontou o exemplo do país enquanto resultado do trabalho da ONU.
“Timor-Leste continua a ser exemplo do melhor que a ONU sabe fazer: resolver conflitos e manter a paz, a ordem internacional legal, quando os seus Estados-membros unem esforços”, concluiu, no último dia do debate geral da 74.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Dionísio Soares Babo discursou em lugar do Presidente da República de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu-Olo, cuja deslocação foi chumbada pelo Parlamento Nacional do país.
No ano passado, o parlamento já tinha chumbado, em outubro, uma visita à Indonésia e em setembro o pedido de autorização do Presidente da República para visitar Nova Iorque e participar na Assembleia-Geral da ONU.
Já em julho de 2018, o parlamento tinha chumbado um pedido de autorização de visita do Presidente a Portugal.
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