A proteção da localidade, envolvida por todos os lados pelo deserto e com saída apenas pelo mar, começou em 1931, quando ainda se chamava Porto Alexandre e era um importante porto pesqueiro do período colonial português.
Até 1975, como contou à Lusa Lucas Lipulene, responsável no Tômbwa do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), chegou a ser implantada uma zona de contenção, com plantação de árvores, ao longo de 100 hectares.
A guerra civil que se seguiu à independência angolana levou a população a cortar e queimar a madeira devido à falta de abastecimento de gás butano à localidade, o que em apenas 10 anos reduziu drasticamente a cortina florestal de proteção.
"O deserto continua a ameaçar, porque é um fenómeno natural. O que o IDF tem feito é minimizar a situação, plantar árvores no deserto para conter o avanço das areias", explica este engenheiro agrónomo, de 46 anos, desde 1995 dedicado à contenção do avanço do deserto para a localidade.
Só nos últimos anos, a areia já tomou conta do cemitério do município, dando o mesmo destino ao novo que foi entretanto construído "sem que ninguém tivesse sido lá enterrado”.
“Também os muros do quartel dos bombeiros foram engolidos pela areia", recorda.
Estradas cobertas pela areia do deserto trazida pelo vento são de resto um cenário recorrente no Tômbwa, nos últimos anos, obrigando à constante atenção das autoridades locais.
"É um dos motivos que às vezes nos faz perder o sono, o avanço das areias", desabafa à Lusa Benvinda Mateus, administradora-adjunta do município do Tômbwa, já lá vão oito anos.
Com o apoio do Governo de Israel, as autoridades da província do Namibe têm em curso um plano de reflorestação que já permitiu a colocação de 20.000 estacas de Tamarix, arbusto nativo angolano e que ainda leva dois anos a atingir um metro de altura.
Juntamente com outras espécies, está a permitir "fixar as dunas" e, ao mesmo tempo, produzir alimento para os animais. Uma proteção que funciona como uma nova barreira à volta da cidade e que conta já com 20 quilómetros de extensão, juntando-se à distribuição de plantas e árvores à população
"Isso tem ajudado a combater a desertificação", admite, por seu turno, Lucas Lipulene.
A província do Namibe, onde se insere o município do Tômbwa, é constituída em 60% por deserto, limitando a ocupação do território, pelo que a esperança está concentrada na salvaguarda do município do litoral angolano mais a sul
"Já vai minimizar", atira Benvinda Mateus, sobre o projeto financiado pelo Governo israelita, admitindo a necessidade de realização de estudo de impacto ambiental sobre os efeitos que a areia do deserto tem nas acessibilidades do município, cuja única estrada alcatroada é a que liga atualmente à capital da província, a cerca de 100 quilómetros de distância.
"Mas estamos no deserto, temos fortes ventos e é a natureza que manda", remata a administradora-adjunta.
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