Em comunicado enviado à Lusa, a comissão revela que, após mais de quatro meses de negociações, a administração decidiu em dezembro de 2023 "alterar o Regulamento das Obras Sociais dos CTT numa decisão unilateral e reveladora da prepotência e da ausência de sensibilidade social que nortearam desde a primeira hora, da parte da empresa, as sessões com os negociadores".
Em causa, segundo fonte dos trabalhadores, está a continuação do apoio à saúde e social por parte do IOS, que abrange, inclusive, os filhos dos colaboradores.
"No caso das consultas, que eram comparticipadas em 75%, houve um decréscimo de 7,5%, enquanto as que eram a 100% passaram para 92,5%. Ao mesmo tempo, aumentaram em 0,5% a quota, passando de 2,25% do vencimento para 2,75%.", esclareceu a fonte.
A influência verifica-se ainda, lê-se no comunicado, ao nível salarial, sendo o "valor acordado desde janeiro passado anulado quer pelo agravamento do custo de vida quer pelo aumento da quotização para o Instituto das Obras Sociais dos CTT e, ainda, pelos cortes nas comparticipações em atos médicos, internamentos e cirurgias".
"É incompreensível que, apesar de anos consecutivos de lucros substanciais e de uma assinalável redução dos custos com a saúde e nos apoios sociais aos beneficiários do IOS, os CTT decidam penalizar e castigar os beneficiários", continua o comunicado.
A comissão regressa aos números para lembrar que em 2023 os lucros da empresa "dispararam 66% em relação ao ano anterior, alcançando resultados líquidos de 60,5 milhões de euros" e que o "valor dos dividendos a repartir pelos acionistas será de 17 cêntimos por cada ação, depois da mais do que certa aprovação em assembleia geral".
"Estamos a falar de 144 milhões de ações que totalizam 24,5 milhões de euros", contabiliza aquela organização.
Alegando que "sem a impugnação da supressão dos apoios sociais e do encarecimento dos cuidados médicos" ficarão "mais pobres e menos protegidos", as estruturas representativas dos trabalhadores decidiram que no próximo dia 20 de abril haverá concentrações em cidades e vilas de norte a sul do país.
Contactada pela agência Lusa, fonte dos CTT disse que a empresa respeita “o direito à manifestação dos trabalhadores”, mas defendeu que “para ser sustentável”, o Regulamento das Obras Sociais tinha obrigatoriamente de ser alterado”.
Nesse sentido, e “por não ser possível formalizar um acordo” após as várias rondas de negociações, “já está em vigor um novo plano de apoio social” que visa, segundo os CTT, “garantir que os trabalhadores e as suas famílias continuam a beneficiar do regime de proteção social sem interrupções”.
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