“Este ano o encontro realiza-se na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, esperando-se 1.000 estudantes, 200 dos quais internacionais provenientes de 35 países”, disse à agência Lusa Diogo Ferreira, coordenador-geral do Annual International Medical Students Meeting (AIMS Meeting), apresentado como “o maior congresso de biomedicina da Europa”, organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, que assinala este ano a 10.ª edição, "a maior de sempre".
Durante três dias, estudantes de Medicina (a maioria), de Engenharia Biomédica, Farmácia, Ciências da Saúde e cerca de 300 profissionais de saúde podem assistir a palestras, mesas redondas e workshops.
“Outro grande atrativo do congresso é uma competição de investigação em que desafiamos os estudantes internacionais e nacionais que tenham trabalhos de investigação a nível pré-graduado a submetê-los a competição”, disse Diogo Ferreira, adiantando que o prémio é de 5.000 euros.
O objetivo, explicou, “é incentivar a investigação que é feita por estudantes e que muitas vezes é subvalorizada”, apesar de, muitas vezes, permitir as bases para que a equipa de investigação principal consiga “os grandes resultados que procuram”.
O primeiro dia do congresso será dedicado ao tema “sexo e reprodução” e contará com a presença do médico alemão Harald zur Hausen, que foi distinguido em 2008 com o Nobel da Medicina pela descoberta do Vírus do Papiloma Humano (HPV) como agente causador de cancro do colo do útero, e tem vindo a defender a vacina contra o HPV também para rapazes.
Entre os oradores estarão também a norte-americana Marci Bowers, ginecologista pioneira em cirurgia de redesignação sexual, Neil Shah, especialista a desenhar e implementar soluções de saúde pública na área materno-fetal, e Jeanne Conry, ginecologista e futura presidente da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.
A “imunidade” é o tema do segundo dia do encontro em que participa o químico norte-americano Peter Agre, Nobel da Química em 2003 pela descoberta de como os sais (iões) e a água são transportados para dentro e fora das células, tendo contribuído para compreender como os rins recuperam água a partir de urina primária e como são gerados e propagados os sinais elétricos das células nervosas.
Gero Hütter, hematologista alemão responsável pelo tratamento de Timothy Ray Brown, o único doente considerado curado de VIH/sida, Pankaj Chandak, vanguardista na utilização da tecnologia de impressão 3D em transplantação renal pediátrica, e a imunologista queniana Faith Osier, que está a desenvolver novos mecanismos para vacinas contra a malária, são outros oradores.
O último dia será dedicado aos “cinco sentidos” e conta com a presença do Nobel da Medicina (2004) Aaron Ciechanover, que descobriu a degradação de proteínas mediada pela ubiquitina e que irá falar sobre medicina de precisão, e do oftalmologista britânico Andrew Bastawrous, que desenvolveu a aplicação móvel Peek para fazer exames oftalmológicos de baixo custo.
Diogo Ferreira salientou que “mais do que um encontro para estudantes de Medicina, o AIMS Meeting é um espaço onde aspirantes e especialistas podem trocar experiências e a complementar a sua formação académica”.
“Os cursos de saúde são muito exigentes e é muito fácil os estudantes perderem-se entre tanta matéria para estudar, tantos prazos para cumprir e tantos trabalhos para entregar e o AIMS Meeting pretende que os estudantes possam parar e relembrar o porquê de terem escolhido esta área”, frisou.
Para Diogo Ferreira, “a melhor forma de o fazer” é através de palestras com médicos e investigadores que, “mais do que virem ensinar e mostrar as suas descobertas”, veem dar “os seus testemunhos e relatar na primeira pessoa os seus casos de sucesso e incentivar os participantes a serem também no futuro agentes de mudança e preponderantes na Biomedicina”.
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