Na primeira sessão, o arguido aceitou prestar declarações, mas os jornalistas não puderam entrar na sala de audiências, pois a capacidade máxima de 19 pessoas, devido à pandemia de covid-19, já tinha sido atingida.
A juiz presidente do coletivo que está a julgar o caso determinou que a ordem de chegada ao tribunal era o critério que dava prioridade na entrada para a sala de audiências.
Os advogados recusaram prestar declarações aos jornalistas, no final desta sessão do julgamento.
O arguido, um guarda prisional, que está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora, está acusado de um crime de violência doméstica, um crime de ofensa à integridade física e um crime de homicídio qualificado.
O agente da PSP, de 45 anos, morreu na madrugada do dia 13 de dezembro de 2020, no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), horas depois de ser atropelado por uma viatura alegadamente conduzida pelo arguido.
De acordo com a PSP, o agente do Comando Distrital de Évora da Polícia não estava de serviço, mas, às 21:45 do dia 12 de dezembro de 2020, no Rossio de São Brás, interveio numa situação de violência doméstica, acabando por ser atropelado pelo alegado agressor.
Já com a presença de jornalistas, a segunda sessão do julgamento, realizada esta tarde, arrancou com a audição da mulher que acompanhava o arguido no dia dos acontecimentos.
A mulher, que não pretende receber qualquer indemnização, caso o arguido seja condenado por violência doméstica, contou que, naquele dia, ambos “beberam bastante” no quiosque onde o agente da PSP, fora de serviço, estava a servir ao balcão.
Admitindo que o companheiro tenha sentido “ciúmes” por não gostar de a ver falar com outros homens, a mulher disse que o arguido lhe pediu então para se irem embora e que, mais tarde, a “agarrou nos cabelos” para a fazer entrar numa viatura.
Segundo a mulher, já no interior e com a viatura em movimento, foi ofendida pelo arguido, o que deu origem a “uma luta” entre ambos e foi então que ouviu “um barulho forte” e viu o vidro para-brisas “estilhaçado”, sem perceber o que tinha acontecido.
Questionada pelo advogado de defesa sobre o arguido, a mulher realçou que o homem só teve um comportamento idêntico “há muito anos” durante “uma briga” entre os dois e que ele agora já lhe pediu desculpa pela situação ocorrida em Évora.
Durante a tarde, foram ouvidos outras três testemunhas, nomeadamente homens que se encontravam no quiosque e que dizem que se envolveram numa discussão com o arguido devido às agressões físicas e verbais.
No despacho de acusação, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que, depois da discussão e de o casal entrar no carro, o arguido guinou o volante do veículo que conduzia e imprimiu velocidade na direção do agente da PSP.
De acordo com o documento, a viatura embateu com a parte frontal esquerda no corpo do agente da PSP, que caiu de costas no chão, tendo o corpo ficado preso entre a roda frontal esquerda e o respetivo guarda lamas.
Apesar de se ter apercebido, indicou o Ministério Público, o arguido “continuou a pressionar o acelerador” do veículo que conduzia e arrastou o corpo do elemento policial cerca de 41 metros.
Posteriormente, acrescentou o MP, o homem parou o veículo e fez marcha atrás até que o corpo do agente da PSP se soltasse.
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