Os jornalistas Antonina Kravtsova, Serguei Kareline, Konstantin Gabov e Artiom Krieger foram considerados culpados de “participação numa organização extremista”, relatou a agência de notícias France-Presse (AFP), presente na sala do tribunal de Nagatinski.

“Foram condenados” cada um “a cinco anos e seis meses” de prisão, declarou a juíza Natalia Borissenkova, uma pena ligeiramente inferior aos cinco anos e 11 meses solicitados pela procuradora. Todos rejeitaram as acusações apresentadas pela justiça russa.

O movimento de Navalny, principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, até morrer em circunstâncias misteriosas durante a detenção, em fevereiro de 2024, tem vindo a ser sistematicamente desmantelado nos últimos anos.

Aliados e apoiantes foram forçados ao exílio ou presos e a justiça russa já não se limita apenas aos colaboradores diretos de Navalny.

Depois da leitura do veredicto, Artiom Krieger gritou: “Tudo vai correr bem, tudo vai mudar! Aqueles que me condenaram vão sentar-se aqui no meu lugar”.

“Vocês são o orgulho da Rússia”, respondeu-lhe um dos apoiantes presentes na sala. “São os melhores!”, gritaram outras pessoas, aplaudindo.

Segundo a AFP, no tribunal estiveram também diplomatas europeus.

Os quatro jornalistas foram detidos na primavera e no verão do ano passado e julgados à porta fechada, um procedimento cada vez mais comum na Rússia neste tipo de processos.

Antonina Kravtsova, que trabalhava com o nome de Antonina Favorskaïa, cobria com frequência os julgamentos de Alexei Navalny para o canal SOTAvision.

Foi ela quem gravou, a 15 de fevereiro de 2024, o último vídeo em que Navalny aparece com vida, durante uma audiência judicial realizada por videoconferência a partir da prisão onde se encontrava no Ártico, na véspera da morte.

Antes do início do julgamento, em declarações à comunicação social, Antonina Kravtsova afirmou: “Lembrem-se, a escuridão que nos rodeia não durará para sempre. Há sempre esperança”.

Os repórteres Serguei Kareline e Konstantin Gabov foram acusados de participar na produção de vídeos para a equipa de Navalny. O primeiro colaborou anteriormente com a agência de notícias Reuters e o segundo com a Associated Press (AP).

Artiom Krieger, também jornalista da SOTAvision, é igualmente acusado de ter colaborado com a organização anticorrupção do opositor.

“Não quis fugir nem ter medo, quis mostrar que era possível e necessário fazer jornalismo na Rússia. Se tiver de pagar essa convicção com a minha liberdade ou com a minha vida, estou preparado para isso”, afirmou Krieger, citado pelo portal noticioso Meduza.

“Estou preso por causa do meu trabalho, da minha atitude honesta e imparcial perante o jornalismo, e do meu amor pela minha família e pelo meu país”, declarou, por sua vez, Serguei Kareline, segundo o Meduza.

As autoridades russas têm vindo a intensificar nos últimos meses a pressão sobre os últimos meios de comunicação independentes e estrangeiros na Rússia, num contexto de repressão generalizada contra as vozes críticas da ofensiva na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

Vários jornalistas russos foram condenados nos últimos anos a pesadas penas, sob diversas acusações.