No trabalho, que a direção do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) encomendou a um grupo de académicos, e que incluiu um inquérito com mais de 1.300 respostas, conclui-se que “poucos profissionais não exibem sinais significativos de esgotamento emocional", ficando apenas 8,85% abaixo dos vinte pontos (num máximo de 100).
O estudo refere que “35,24% dos profissionais apresentam sinais muito elevados de exaustão emocional”, 33,18% dos profissionais têm “alguns sinais preocupantes de exaustão emocional”, “16,4% dos profissionais têm sinais críticos de exaustão emocional” e 6,33% dos inquiridos com resposta válidas situam-se no nível “exaustão emocional extrema”, entre 80 e 100 pontos.
Ainda assim, o trabalho conclui que “o pessoal de voo apresenta um elevado índice de realização profissional nos termos do estudo”, sendo que 40,1% dos tripulantes mostram “sinais elevados de realização profissional, entre 60 e 80 pontos”.
No que diz respeito ao esgotamento emocional por companhias aéreas, existem três transportadoras com resultados negativos, com destaque para a Ryanair, “com valores muito elevados de contribuição para o valor do teste pelo lado negativo”, ou seja, “com índice médio muito alto de esgotamento emocional nos seus profissionais”.
Também a Azores Airlines tem uma “contribuição muito significativa” para o índice médio de esgotamento emocional, com a easyJet a registar também uma “contribuição elevada”.
Segundo o estudo, a TAP apresenta-se melhor do que a média das companhias nos índices muito elevados, mas “tem muitos profissionais, mais do que a média esperada, no quarto escalão de esgotamento emocional (entre os 30 e os 39 pontos), o que poderá indicar que no futuro, se a situação não for combatida e se as condições de trabalho degenerarem, estes trabalhadores poderão cair para estádios mais avançados em esgotamento emocional, típicos de desgaste”, alerta o relatório.
No entanto, no texto do estudo alerta-se para o facto de “umas companhias apresentarem melhores resultados do que outras não significa que não tenham índices preocupantes, significa que há situações extremas nas companhias a seguir mencionadas: a Air Azores, acima da média, a easyJet, grave, e a Ryanair, muito grave”.
Os tripulantes foram questionados, entre vários outros itens, sobre o assédio moral no local de trabalho, sendo que o estudo conclui que a TAP apresenta os níveis mais reduzidos “e estes são dados muito seguros, pois a amostra para esta companhia é elevada: nesta questão aparecem 1.019 membros desta companhia a responder”.
A Ryanair destaca-se novamente pela negativa, sendo que “os valores reportados pelos respondentes são extremamente altos e preocupantes, com 225% de assédio acima do valor esperado, e valores médios muito acima de todas as outras companhias”.
No caso da easyJet, “parece haver menos assédio moral”, mas a amostra conta apenas com 64 respostas e Azores Airlines apresenta resultados também negativos, “108% acima do esperado”.
O inquérito foi realizado entre 20 de março e 02 de maio e contou com uma amostra inicial global de 1.361 respostas, tendo sido validados 1.312 inquéritos.
Dos respondentes 67,7% eram do sexo feminino e 32,3% do masculino, abrangendo vários géneros de profissionais, entre comissários, chefes de cabine e supervisores.
O estudo foi coordenado por Raquel Varela, historiadora do trabalho e contou com a participação de Roberto Della Santa, cientista social, e Henrique Oliveira, matemático.
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