É o caso do texano Houston Chronicle, que este ano apoia Hillary Clinton, a terceira vez em cinquenta anos que está ao lado de um candidato democrata, depois de em 2012 ter apoiado o republicano Mitt Romney.

Para o jornal, Trump representa “um perigo para a República”, posição ecoada pelos editoriais de dezenas de jornais, que na última eleição apoiaram o candidato republicano e mudaram a sua posição este ano, optando por se declararem apoiantes de Hillary Clinton ou não apoiarem nenhum candidato.

O USA Today, o jornal americano com maior tiragem, nunca tinha defendido um sentido de voto nos seus 34 anos de existência, mas este ano decidiu recomendar aos seus leitores que votem em qualquer candidato menos em Donald Trump, considerando-o incapaz para o cargo.

“Sejam fiéis às vossas convicções. Isso poderá significar votar em Clinton, a alternativa mais plausível para manter Trump fora da Casa Branca”, lê-se num editorial do jornal baseado no estado da Virginia.

Noutra estreia absoluta, até a revista de entretenimento Variety manifestou o seu apoio a Clinton.

Para o Arizona Republic, quebrar com uma tradição de 126 anos e apoiar desta vez uma candidata do Partido Democrata valeu-lhe ameaças de morte, cancelamento de assinaturas e acusações de traição.

O californiano San Diego Union-Tribune também interrompeu 148 anos a apoiar candidatos republicanos e decidiu apoiar Hillary Clinton, considerando-a a “escolha segura” para a presidência do país.

Um dos jornais de primeira linha norte-americanos a apoiar primeiro Donald Trump foi o Las Vegas Review-Journal, que lhe reconheceu falhas mas achou que o candidato republicano seria “fonte de perturbação e desconforto para os privilegiados” da elite política.

Sem surpresas, o influente Washington Post declarou o seu apoio à democrata, condenando Trump como “um perigo” para a democracia norte-americana e acusando-o de ser ignorante, preconceituoso e mentiroso.

Na sua campanha, o multimilionário atacou por diversas vezes os meios de comunicação social, acusando-os de darem voz a mentiras sobre a sua conduta, como no caso das acusações de assédio sexual, e desprezou reiteradamente o conjunto de repórteres que acompanham diariamente a sua campanha.

Numa das ocasiões, relatadas pelo ‘site’ Politico.com, a “pool” de jornalistas cujas deslocações são organizadas pela campanha de Trump não conseguiu chegar à hora marcada para o início de um comício em New Hampshire.

O candidato não só recusou atrasar o início do comício como fez pouco dos jornalistas: “Acabaram de me dizer que a imprensa está presa no avião. Não conseguem cá chegar. Adoro. (…) Telefonaram-nos e perguntaram-nos se podíamos esperar. Eu disse ‘claro que não’. Vamos avançar.”.

Entre os poucos apoios inequívocos à sua campanha, um deles acabou por ser mais um embaraço a Trump e à sua campanha, o do jornal Crusader, um veículo do grupo racista Ku Klux Klan, que reproduziu na primeira página o mote do republicano: “Make America Great Again”.

A campanha de Donald Trump acabaria por rejeitar qualquer associação com o jornal, tal como antes tinha rejeitado o apoio de David Duke, um conhecido representante do ideário racista ligado ao Ku Klux Klan, de que foi dirigente.

“Façam o que fizerem, resistam ao canto da sereia de um perigoso demagogo. Por favor, votem, mas não em Donald Trump”, lê-se no editorial do USA Today.