“Este memorando inocenta totalmente ‘Trump’ no inquérito. Mas a caça às bruxas russa continua”, afirmou hoje o Presidente dos EUA, numa mensagem publicada na rede Twitter, em que fala de si próprio na terceira pessoa.
Trump acrescenta que “não houve conluio nem obstrução (a palavra que é agora usada, após um ano a procurar continuamente sem encontrarem NADA, conluio morreu)”.
“Isto é uma vergonha americana”, lamenta o Presidente norte-americano, que está a passar o fim de semana no seu clube de golfe em Palm Beach (Florida).
O relatório em questão – que o Presidente desclassificou esta sexta-feira, contrariando as advertências do FBI (polícia federal) e do Departamento de Justiça norte-americano – foi preparado pelos republicanos da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, presidida pelo republicano luso-descendente Devin Nunes. FBI e Justiça investigam as alegadas ligações e conluio entre o Governo russo e elementos de topo da campanha de Trump.
O documento baseou-se em informação classificada (secreta) e alega que o FBI (agência federal) abusou dos seus poderes de vigilância no decorrer da investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
Ao permitir a publicação deste documento, parcial e tendencioso, de acordo com especialistas independentes, Trump causou a indignação da oposição democrática, que ameaçava com o espectro de uma crise constitucional.
A líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pediu mesmo ao presidente daquele órgão legislativo, o republicano Paul Ryan, que afastasse Devin Nunes, um aliado de Trump, da presidência da Comissão de Serviços Secretos, devido às presumíveis modificações do documento.
Segundo vários meios de comunicação, o relatório secreto alega que o ex-espião britânico que escreveu um famoso dossiê cheio de pormenores sórdidos sobre Trump, Christopher Steele, deu informações erradas ao FBI.
Com base nessa informação, na primavera de 2017, o FBI decidiu aumentar as suas atividades de vigilância sobre Carter Page, que até setembro de 2016 assessorou a equipa da campanha presidencial de Trump em matéria de política externa, por suspeitar de que era um agente russo.
Rod Rosenstein, o “número dois” do Departamento de Justiça norte-americano, que tinha autoridade sobre a investigação da polícia federal acerca da ingerência russa nas presidenciais dos Estados Unidos, pediu então a um juiz para fazer essa espionagem.
O memorando republicano acusa Rosenstein e o FBI, de acordo com a imprensa, de não terem informado corretamente o juiz que autorizou a operação de vigilância sobre os motivos para pedi-la.
A oposição democrata teme que o Presidente use o relatório como uma desculpa para demitir Rosenstein e, posteriormente, o próprio procurador do ministério público que está a investigar o caso da conspiração russa, Robert Mueller.
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