Trump, que diz ser um “grande negociador”, vai reunir com Xi, durante a cimeira do G20, que se realiza em Buenos Aires, sexta-feira e sábado.

Caso os dois líderes não façam tréguas, as disputas comerciais deverão intensificar-se: as taxas alfandegárias que Trump impôs sobre quase metade das importações oriundas da China estão configuradas para aumentarem de 10% para 25%, no início de 2019. Pequim deverá retaliar.

Os analistas duvidam de um acordo final, que termine de vez com a guerra comercial. No entanto, os mais otimistas esperam que os dois lados concordem com uma espécie de “cessar-fogo”, que permita manter o diálogo e adiar o agravar das disputas.

Mas numa entrevista publicada terça-feira pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, Trump disse ser “altamente improvável” que a Casa Branca venha a aceitar o pedido de Pequim, de suspender o agravamento das taxas alfandegárias.

Trump voltou ainda a ameaçar com a possibilidade de alargar as taxas alfandegárias a todos os produtos importados da China.

O Presidente norte-americano mostrou-se confiante: “Estou muito bem preparado. Não é como se precisasse de me sentar e estudar. Eu sei o que estou a fazer. Sei melhor do que qualquer outra pessoa. E a minha intuição sempre esteve certa”.

Wendy Cutler, vice-presidente do Instituto de Estudos Asiáticos e antigo funcionário norte-americano para o Comércio, que negociou com a China, considerou que as “expectativas”, para o encontro no G20, “são muito baixas”.

“Vai ser uma negociação muito difícil. Os assuntos em questão não são de solução fácil”, disse.

Trump impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos.

Washington justificou a decisão com táticas “predatórias” por parte de Pequim, na sua ambição em competir em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável ou robótica, visando quebrar com o domínio industrial norte-americano.

A Casa Branca alega que Pequim força a transferência de tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês, ou usurpa segredos comerciais às empresas norte-americanas.

Pequim nega as acusações e afirma que as sanções de Trump visam apenas conter a ascensão do país.

As disputas levaram já a quedas nas praças financeiras em todo o mundo, sobretudo na China, onde a bolsa de Xangai recuou mais de 20%, desde que o início das disputas, este verão.

Na semana passada, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa a previsão do crescimento da economia mundial de 3,7% para 3,5%, citando as disputas comerciais como um dos principais motivos.

Grupos empresariais norte-americanos têm apelado ao Governo para que chegue a um acordo com a China, mas o panorama atual é pouco encorajador.

Na semana passada, o representante do Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, afirmou que os esforços da China para usurpar segredos comerciais de firmas norte-americanas “aumentaram em frequência e sofisticação”.

“A China, fundamentalmente, não alterou as suas ações, políticas e práticas, relativas à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação, e parece mesmo que adotou outras medidas irracionais, nos últimos meses”, afirmou, num relatório.

Mas a Casa Branca parece também dividida entre defensores de uma política mais agressiva face à China, como o conselheiro para o comércio Peter Navarro, e defensores do comércio livre, como o conselheiro máximo para a política económica, Larry Kudlow.

No início deste mês, Navarro afirmou num discurso que Trump não se interessa sobre o que Wall Street pensa sobre a sua política de confronto com a China.

Mas quatro dias depois, Kudlow considerou os comentários de Navarro “infundados”.

“Não foram autorizados por ninguém”, disse Kudlow. “Penso mesmo que ele fez um mau serviço ao Presidente”, afirmou.

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