A diretiva foi revelada pelo diário The New York Times (hoje mencionada pelas agências internacionais), que cita como fonte funcionários do Departamento de Estado norte-americano.

A ordem deixará importantes delegações diplomáticas sem representação ao mais alto nível.

Em finais de dezembro, a Lusa avançou que o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman, iria deixar Lisboa a 20 de janeiro, cumprindo assim uma norma estabelecida sempre que uma nova administração norte-americana é eleita.

“O embaixador Sherman iria sempre partir depois das eleições, independentemente dos resultados eleitorais”, afirmou na altura à Lusa fonte da representação diplomática, precisando que todas as novas administrações pedem aos embaixadores políticos, aqueles que não são diplomatas de carreira, para saírem.

“Ocasionalmente, uma exceção pode ser feita, mas a norma é que os embaixadores políticos partam, dando espaço para que a nova administração nomeie os seus embaixadores. O embaixador Sherman partirá de Lisboa a 20 de janeiro de 2017″, disse então a mesma fonte.

Hoje, a embaixada norte-americana emitiu um comunicado a informar da partida de Sherman, “tal como é costume para todos os embaixadores políticos após o início de uma nova administração”, informando ainda que a ministra conselheira Herro Mustafa irá assumir o cargo de encarregada de negócios até que um novo embaixador seja nomeado e chegue a Lisboa.

Nos Estados Unidos é habitual que o Presidente designe embaixadores políticos, aqueles que são nomeados diretamente e que, em grande parte dos casos, são doadores (de campanhas) e amigos, um grupo que, de acordo com os ‘media’ norte-americanos, deve representar cerca de 30% do número total dos representantes diplomáticos.

De acordo com estas informações, ficaram isentos desta diretiva os embaixadores de carreira que integram o corpo diplomático do Departamento de Estado norte-americano.

Segundo o The New York Times, a ordem de Trump vem acabar com uma tradição mantida em anteriores transições de administrações que permitia uma extensão do tempo em função das circunstâncias pessoais dos representantes, como o ano escolar dos filhos dos embaixadores.

Assim, e uma vez que as designações para liderar embaixadas dos Estados Unidos têm de ser confirmadas pelo Senado (câmara alta do Congresso) e implicam algum tempo, a futura administração norte-americana irá ficar sem representantes de alto nível em delegações diplomáticas de grande importância como França, Japão ou Israel.

Advogado de formação e de carreira, Robert Sherman foi nomeado pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, como embaixador dos Estados Unidos em Lisboa em julho de 2013.

Um ano depois, e após a sua nomeação ser aprovada pela comissão de Negócios Estrangeiros do Senado norte-americano (câmara alta do Congresso norte-americano), Robert Sherman apresentou credenciais, em finais de maio de 2014, ao então Presidente Cavaco Silva.

Tal como os seus antecessores em Lisboa nas últimas duas décadas, Robert Sherman é um embaixador político e não um diplomata de carreira.

No comunicado hoje divulgado, e numa reflexão sobre os seus quase três anos em Portugal, Sherman afirmou que foi “uma enorme honra e um grande prazer servir como embaixador dos EUA neste grande país”.