“Se contarem os votos legais, eu venço com facilidade. Se contarem os votos ilegais, os votos que chegaram com atraso, podem tentar roubar-nos a eleição", começou por dizer Donald Trump.

Tal como já o tinha feito no dia das eleições, 3 de novembro, o presidente dos EUA voltou a declarar vitória e a justificar que esta não foi oficializada porque terá havido tentativas de fraude eleitoral por parte do partido Democrata.

“Eu já ganhei estados críticos, incluindo grandes vitórias na Flórida, Indiana ou Ohio”, disse o candidato republicano, apesar de "uma histórica interferência nestas eleições por parte dos grandes grupos de media, financeiros e tecnológicos”.

Esta interferência, alegou Trump, deveu-se a sondagens. “Ganhámos com números históricos, apesar das sondagens estarem completamente erradas. Não houve a ‘onda azul’ que previram e fizeram-no de propósito para suprimir votos. Em vez disso houve uma grande onda vermelha, que foi reconhecida pelos media”, continuou.

“Sondagens falsas foram criadas para manter os nossos votantes em casa e criar a ilusão de crescimento para o sr. Biden e diminuir a capacidade dos republicanos de angariar fundos”, acusou ainda.

Trump referiu inúmeras vezes que estava a ser 'roubado' e que havia tentativas do partido Democrata de adulterar a contagem dos boletins de voto para impedir a vitória republicana.

“Os sistemas de contagem de votos desses estados são geridos pelos democratas. Nós estávamos a ganhar em todas as localidades chave por muito, mas depois os nossos números começaram a baixar miraculosamente", atirou.

Contudo, durante o discurso, Trump não apresentou quaisquer evidências que sustentassem as acusações que fez.

“Eles não permitiram observadores legais. Nós fomos a tribunal em algumas instâncias e conseguimos lá colocar os observadores, mas quando lá chegaram, queriam eles estivessem a muitos metros de distância ou mesmo fora do edifício”, disse Trump.

Esta alegação, a de que os observadores republicanos têm sido impedidos de supervisionar os locais de contagem, tem sido desmentida por jornalistas e observadores independentes, que dão conta de que membros dos dois partidos têm tomado parte no processo.

O presidente dos EUA, porém, referiu casos onde os observadores do seu partido tiveram de "usar binóculos” para poder assistir à contagem, instâncias onde foi colocado papel e cartão nas janelas para não permitir a observação ou um caso no Michigan onde supostamente os observadores republicanos foram fisicamente barrados de participar na contagem

O candidato republicano disse também ter previsto que o voto por correspondência iria "destruir" o sistema eleitoral norte-americano e que ia ser "desastroso".

“Os responsáveis democratas nunca acreditaram que venceriam estas eleições de forma honesta, por isso é que insistiram neste sistema de votos por correspondência, onde há tremendas fraudes e corrupção a acontecer. Por isso é que enviaram milhares de milhões de boletins não solicitados sem terem sido sujeitos a quaisquer medidas de verificação”, disse o presidente dos EUA, apesar do sistema de voto por correspondência já fazer parte da realidade eleitoral norte-americana há várias décadas.

“Eles querem encontrar os votos que precisam e depois conseguem fazê-lo, esperam e depois encontram-nos”, disse, a propósito dos estados críticos na Pensilvânia e na Geórgia, onde a sua vantagem tem vindo a decrescer com a contagem dos votos por correspondência e antecipados.

Um dos exemplos que deu foi a da Carolina do Norte, onde diz ter estado a ganhar por "uma enorme quantidade de votos", mas que esta tem diminuído porque estão a ser "encontrados boletins de voto" de repente, adiantando achar "incrível que os boletins sejam todos vantajosos aos democratas".

"Quase todos tinham o nome ‘Biden’ neles, o que é um pouco estranho”, acusou Trump, desafiando de seguida Joe Biden e o partido Democrata a "a clarificar que só querem usar ‘votos legais’”, reforçando a utilização da palavra “legal”.

“Queremos abertura e transparência, não queremos salas de contagem secretas, boletins mistério ou votos ilegais a serem colocados depois da data", disse ainda Trump. “Não podemos ter uma eleição roubada assim”, concluiu.

O Presidente dos Estados Unidos da América terminou a conferência de imprensa e abandonou o púlpito sem intenção de responder às questões que os jornalistas estavam a tentar fazer.