Em declarações à Lusa, o presidente da Região do Turismo do Algarve (RTA), João Fernandes, afirma que é essencial integrar na oferta do turismo a laranja do Algarve como valor acrescentado, “seja num pequeno almoço, numa sobremesa ou mesmo em sumos, na hotelaria ou na restauração”.

Com 70% do total da produção nacional de laranja concentrada na região, o Algarve produz 340 mil toneladas por ano distribuídas pelos mais de 15 mil hectares plantados, na sua maioria, em Silves, Tavira e Loulé.

Pedro Monteiro, diretor regional da Agricultura, defende que se deve induzir o consumo de laranja entre os turistas durante a sua estadia, mas, sobretudo, que no seu regresso a casa, “depois de experienciarem o prazer que é deliciarem-se com uma laranja do Algarve”, passem a palavra e também “a procurem lá fora, o que permite e melhora a exportação da laranja nos mercados externos”.

A palavra Portugal é, para alguns dos povos do Mediterrâneo, sinónimo de laranja, já que, depois de a trazerem da China, foram os portugueses que a introduziram na Europa, lembrou João Fernandes.

O presidente do Turismo do Algarve quer que a região se assuma “como o destino turístico mais ‘sumarento’ de Portugal”, aliando a vantagem do fruto ser associado a Portugal ao facto de a qualidade do próprio produto ser reconhecida além portas.

“O turismo é uma cadeia exportadora por natureza, se for possível trazer-lhe uma maior a juntar à qualidade na oferta, cria-se a capacidade de exportar cá dentro. Não há como não olhar para isto como uma vantagem”, defendeu.

Desde 1994 que os citrinos do Algarve possuem uma Indicação Geográfica Protegida.

A recém-criada associação de operadores AlgarOrange, veio criar uma dinâmica que permitiu reunir, à mesma mesa, RTA, Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve, produtores e hoteleiros para debaterem estratégias que façam dos citrinos o “cartão-de-visita” da região.

As ideias foram já colocadas no papel e são parte de uma candidatura apresentada pela AlgarOrange à linha de internacionalização do CRESC Algarve 2020, que já está a pôr em movimento potenciais parceiros e a fomentar a discussão em torno da abertura dos citrinos do Algarve também aos mercados externos.

O encontro promovido para juntar produtores e hoteleiros, foi “o primeiros de muitos” e já serviu para quebrar algumas barreiras, nomeadamente “em questões de distribuição”e trazer a laranja para próximo do turista, ajudando também ao escoamento do produto ainda no mercado interno.

Para o próximo sábado está marcado mais um encontro, desta vez alargado a outros produtores, já que a ideia não se fica apenas pela laranja sendo a intenção “colocar cada vez mais produtos e serviços de base local, na oferta turística da região”.

Até porque já se percebeu que os turistas dos principais mercados emissores “são pessoas cada vez mais sensíveis a esta procura pela autenticidade, por aquilo que é local”, cocluiu João Fernandes.