O ministro dos Negócios Estrangeiros canadiano, François-Philippe Champagne, anunciou na segunda-feira ter suspendido as licenças de exportação para a Turquia, apoiante do Azerbaijão no conflito, acrescentando que também pediu ao seu ministério para investigar alegações de que a tecnologia canadiana de ‘drones’ [aparelhos aéreos não-tripulados] está a ser usada nos combates.
“De acordo com o rigoroso regime de controlo das exportações do Canadá, e à luz das hostilidades em curso, suspendi as autorizações de exportação relevantes para a Turquia enquanto avalio melhor a situação”, afirmou o ministro na segunda-feira, solicitando “uma ação imediata para estabilizar a situação no terreno”.
A Turquia, que tem acordos de cooperação militar com o Azerbaijão, acusou o Canadá, aliado na NATO, de criar obstáculos à exportação de equipamento militar para o país “de uma forma que não condiz com o espírito da aliança”.
Numa declaração hoje divulgada, a Turquia refere ainda um relatório da ONU que aponta o Canadá como um dos países que ajudaram a alimentar a guerra no Iémen e acusa aquele país do Norte da América de estar a ser influenciado por grupos da diáspora arménia.
“A nossa expectativa em relação ao Canadá é que tenha uma política sem padrões duplos nem influências dos grupos anti-turcos do país e que não se deixe ficar preso a interesses políticos”, disse.
A região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul, tem sido alvo de uma escalada no conflito latente há vários anos entre o Azerbaijão e os separatistas apoiados pela Arménia.
A região é também uma zona onde se concentram interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.
Este território, de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk, constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam a abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.
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