“Não estamos em condições de enviar a lei [de ratificação] ao parlamento, temos um verdadeiro problema nesta questão”, referiu Ibrahim Kalin, afirmando que os deputados iriam provavelmente rejeitar o documento.

Ancara denunciou, na quinta-feira, um vídeo, montado por um grupo próximo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) na Suécia, que simula o Presidente Erdogan enforcado, tendo convocado uma reunião com o embaixador sueco.

O incidente aconteceu numa altura em que a Turquia tem demonstrado dúvidas sobre a adesão da Suécia — e da Finlândia — à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), mantendo o pedido bloqueado desde maio do ano passado.

A Turquia acusa a Suécia de albergar, no seu território, membros do PKK e de organizações associadas, que Ancara considera serem terroristas.

“Estamos envolvidos neste processo há seis ou sete meses e não é bom para a Suécia aparecer sob esta luz”, insistiu Kalin.

“Queremos seguir em frente e progredir, mas se este tipo de incidentes continuar, isso atrasará o processo”, avisou, sublinhando que deve ser garantido, por exemplo, que membros do PKK “não possam mais recrutar ou arrecadar dinheiro” em solo sueco.

O assessor da Presidência turca reconheceu, no entanto, que o novo Governo sueco deu vários passos importantes para a sua adesão, incluindo a visita “altamente apreciada” do primeiro-ministro sueco a Ancara logo após a sua chegada ao poder.

Mas, garantiu, ainda será necessário esperar “seis meses” antes de as novas leis poderem ser validadas pelo parlamento.

O Governo turco tem apelado à expulsão da Suécia de vários membros do PKK e do movimento Fetö (acrónimo utilizado por Ancara para designar o movimento do pregador Fethullah Gülen), acusado de ter fomentado a tentativa de golpe de 2016.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, condenou na sexta-feira um protesto de curdos em Estocolmo, onde foi simulado o enforcamento de Erdogan, considerando “extremamente grave” encenar uma “execução ridícula de um líder estrangeiro democraticamente eleito”.

O primeiro-ministro considerou “perigoso para a segurança sueca agir desta forma”, e censurou ainda mais a ação lembrando que ocorreu num país onde dois políticos foram mortos.

O primeiro-ministro sueco Olof Palme foi assassinado em 1986 e a ministra dos Negócios Estrangeiros Anna Lindh foi fatalmente esfaqueada em 2003.

“Eu diria que isto é sabotagem contra a candidatura sueca à NATO”, disse Kristersson, em declarações à emissora sueca TV4, citadas por agências internacionais.

A Suécia e a Finlândia, países historicamente não-alinhados, pediram, no ano passado, a sua adesão à NATO na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia e consequente guerra.

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