Discursando diante dos eurodeputados no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, onde hoje debate os resultados do último Conselho Europeu, Donald Tusk reservou o final da sua intervenção ao “assassinato chocante do jornalista saudita Jamal Khashoggi”.

“Foi um crime tão horrendo que até o mínimo rasto de hipocrisia nos envergonharia. Não é o meu papel revelar quem quer proteger os interesses de quem, mas sei uma coisa: o único interesse europeu é que todos os detalhes deste caso sejam revelados, independentemente de quem seja responsável por ele”, defendeu.

O presidente do Conselho Europeu apelou à “sensibilidade e determinação” dos eurodeputados, garantindo acreditar que estes não permitirão que “a Europa, os seus Estados-membros e instituições, se envolvam em qualquer jogo ambíguo”.

Jamal Khashoggi, um colaborador do jornal norte-americano The Washington Post e um reconhecido crítico do homem forte do regime saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, foi assassinado a 02 de outubro dentro do consulado saudita em Istambul, Turquia, onde se dirigiu para obter documentação para casar com a noiva, uma cidadã turca.

As autoridades sauditas afirmaram durante 18 dias que o jornalista tinha saído vivo do consulado.

No sábado passado, Riade mudou a sua versão sobre o caso e reconheceu o homicídio, sustentando que foi cometido durante “uma operação não-autorizada”, uma explicação recebida com ceticismo no estrangeiro.

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse na terça-feira, numa intervenção no parlamento turco, que a morte de Jamal Khashoggi foi cuidadosamente premeditada e que o jornalista saudita foi vítima de um “assassínio selvagem”.

Segundo a Turquia, o assassínio foi cometido por um comando de 15 agentes sauditas enviados por Riade.

Um dos aspetos ainda por apurar é a localização dos restos mortais do jornalista saudita.