"Estou extremamente preocupado com os bombardeamentos de ontem [sexta-feira] da maior central nuclear da Europa, o que sublinha o risco muito real de uma catástrofe nuclear que ameaça a saúde pública e o ambiente, na Ucrânia e não só", advertiu Grossi numa declaração divulgada em Viena, considerando que se “está a brincar com o fogo".
Moscovo e Kiev acusaram-se hoje mutuamente de comprometerem a segurança da central nuclear de Zaporiyia, a maior da Europa.
Grossi recordou que, segundo as autoridades ucranianas, não houve danos nos reatores nem emissão de radiações, mas houve danos em outras partes da central.
O chefe da agência das Nações Unidas para a energia nuclear considerou "completamente inaceitável" a colocação da central em perigo e argumentou que visá-la militarmente é "brincar com o fogo", podendo ter "consequências potencialmente catastróficas".
"Apelo veemente e urgentemente a todas as partes para que exerçam a máxima contenção nas proximidades desta importante instalação nuclear com seis reatores", escreveu.
Grossi voltou a oferecer a disponibilidade da AIEA para realizar uma missão de verificação no local e "evitar que a situação fique ainda mais fora de controlo".
O diretor da AIEA expressou em junho a sua vontade de visitar a central controlada pela Rússia, mas a Ucrânia criticou veementemente esses planos, alegando que a viagem do funcionário argentino da ONU poderia ser entendida como uma legitimação da ocupação russa.
O diplomata insistiu que uma missão é "crucial" por forma a estabilizar a situação na central nuclear.
O Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, acusou a Rússia através de uma mensagem de vídeo de "voltar a criar uma situação extremamente perigosa para toda a Europa”: “bombardearam a central nuclear de Zaporiyia duas vezes".
Moscovo, que controla esta instalação praticamente desde os primeiros dias da sua campanha militar na Ucrânia, contestou as declarações, classificando, pelo seu lado, Kiev de ser promotora do "terrorismo nuclear".
"Os ataques da Ucrânia a instalações nucleares podem ser qualificados ao abrigo do direito internacional como atos de terrorismo nuclear", afirmou o senador russo Konstantin Kosachev na rede social Telegram.
As autoridades pró-russas na região de Zaporiyia, parcialmente ocupada pelo exército russo, acusaram ontem as forças ucranianas de atacar a central nuclear com artilharia e de danificar as linhas elétricas e os edifícios industriais da central.
O ataque levou ao encerramento de um dos blocos nucleares após uma perda de energia.
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