No início do seu discurso no comício de encerramento da ‘rentrée’ comunista, Jerónimo de Sousa foi direto ao tópico da guerra na Ucrânia.
“A escalada da guerra na Ucrânia e a espiral de sanções impostas pelos Estados Unidos da América, a União Europeia e a NATO, com a cumplicidade do Governo português, são indissociáveis da desenfreada especulação e aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade, do ataque às condições de vida dos povos, arrastando o mundo para uma ainda mais grave situação económica e social”, sustentou o dirigente comunista perante os participantes da Festa do Avante!.
Na ótica do secretário-geral do PCP, “a realidade está a demonstrar quem tudo faz para que a guerra não termine” e também “quem tudo faz para acumular lucros colossais com a sua continuação”, referindo-se à indústria do armamento e às multinacionais do setor da energia.
Seis meses depois do início da invasão russa à Ucrânia, Jerónimo de Sousa fez questão de deixar, mais uma vez, vincada a posição do partido, antes de passar para o tema seguinte: “Razão tem o PCP ao estar desde a primeira hora do lado da paz e contra a guerra, razão tem o PCP ao defender uma solução política para o conflito”.
O outro lado, argumentou, está a fomentar o “incitamento ao ódio” e a “exacerbação da xenofobia”.
Jerónimo de Sousa também criticou a “estratégia de confrontação do imperialismo” cujas consequências, advogou, são as populações que pagam.
Um pouco por todas as partes do recinto são visíveis 'banners' com apelos à paz, algo em que o PCP insistiu nesta edição para se descolar das críticas de alinhamento a favor da guerra e com o Kremlin.
“Paz que só será possível com justiça e que tem de ser conquistada a par com a luta contra a exploração e a opressão”, completou.
PCP acusa Governo de “medidas faz-de-conta” e desafia executivo a intervir sem se esconder
O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo de medidas “faz-de-conta” e de usar a inflação, esteja alta ou baixa, como justificação para não aumentar rendimentos, defendendo que o executivo deve agir e não “esconder-se”.
O líder comunista considerou que “é preocupante e grave a espiral inflacionista que leva já um ano e avança sem freio”.
“Mas, não menos grave, é a política das medidas faz-de-conta. Uma política que foge ao essencial, que foge à reposição do poder de compra dos salários e pensões e ao necessário e indispensável controlo dos preços”, criticou.
Na opinião do secretário-geral do PCP essa política “une o Governo do PS e o conjunto das forças retrógradas e reacionárias de PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega com as suas falsas e hipócritas medidas de assistencialismo para esconder a origem e os mecanismos da extorsão e da sobre-exploração”.
“Espiral inflacionista que vendiam à opinião pública como um fenómeno passageiro, ao mesmo tempo que rejeitavam o aumento dos salários para não animar a inflação. Bem conhecemos a cartilha dos que apostam na exploração do trabalho: quando não há inflação recusam o aumento do aumento dos salários por essa razão, quando há inflação não se aumentam os salários para não favorecer a ‘espiral inflacionista’”, criticou.
Neste contexto, o líder comunista desafiou o Governo a agir e não a “esconder-se”.
“Esta fúria exploradora e especulativa que avança impune precisa de ser travada. O Governo pode e deve intervir e não esconder-se, como defendem PSD, CDS, IL, Chega e CDS, por detrás das falsas regulações para servir os interesses do grande capital e a ova ordem liberal privatizadora”
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