“Os ataques continuados às infraestruturas de saúde e de energia significam que centenas de hospitais e instalações de saúde deixaram de estar operacionais, sem combustível, água e eletricidade para atender às necessidades básicas”, disse Hans Kluge, diretor regional para a Europa da OMS, num comunicado divulgado em Kiev.
A OMS refere que na Ucrânia, as maternidades precisam de incubadoras, os bancos de sangue precisam de frigoríficos e as camas de cuidados intensivos precisam de ventiladores, lembrando que todos estes equipamentos requerem energia — um bem cada vez mais escasso por causa dos recentes ataques russos às infraestruturas energéticas do país.
“Hoje, 10 milhões de pessoas — um quarto da população — estão sem energia. O frio pode matar. Prevê-se que as temperaturas desçam para 20 graus Celsius negativos em algumas partes do país”, alertou Kluge, que está a realizar a sua quarta visita à Ucrânia desde o início da invasão russa, em final de fevereiro.
O diretor regional da OMS na Europa explicou que há centenas de milhares de famílias que “estão desesperadas para se manter aquecidas”, recorrendo a métodos alternativos de aquecimento, como a queima de carvão ou madeira ou o recurso a geradores a diesel, o que “traz riscos à saúde, incluindo a exposição a substâncias tóxicas que são nocivas para crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares”.
Hans Kluge aproveitou ainda para chamar a atenção para as consequências do agravamento das condições físicas na saúde mental dos ucranianos, dizendo que “cerca de 10 milhões de pessoas correm o risco de transtornos mentais, como ‘stress’ grave, ansiedade ou depressão”.
“Ao treinar profissionais de saúde sobre como fornecer serviços de saúde mental, a OMS até agora alcançou 1.400 pessoas com condições graves de saúde mental em toda a Ucrânia”, disse o diretor regional da OMS, referindo as dezenas de milhares de consultas que aqueles especialistas realizaram, através de equipas móveis.
Hanks Kluge defendeu que a Ucrânia precisa de “recursos sustentados” para o sistema sanitário, durante o inverno, mostrando-se preocupado com determinados setores da população mais vulneráveis.
“Estou muito preocupado com os 17.000 doentes com HIV em Donetsk, que em breve poderão ficar sem medicamentos antirretrovirais essenciais, que os ajudam a manter vivos”, avisou o dirigente da OMS, mostrando-se disponível para ajudar a mobilizar agentes parceiros para atenuar este problema.
“Junte-se a isto um aumento esperado da gripe sazonal e dificuldades no acesso aos serviços de saúde, e podemos estar perante um cenário de desastre para as pessoas mais vulneráveis”, avisou Kluge, concluindo que “o sistema de saúde da Ucrânia está a enfrentar os seus dias mais sombrios da guerra até agora”.
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