
"Temos o mesmo ponto de vista: a solução é, tem de ser, deve ser diplomática. Tem de se dar espaço à diplomacia", declarou Marcelo Rebelo de Sousa à comunicação social, no Palácio de Belém, em Lisboa, após ter recebido o seu homólogo esloveno.
No mesmo sentido, Borut Pahor afirmou que "deve prevalecer uma solução pacífica" e que "a diplomacia tem de ter suficiente espaço para encontrar as soluções que podem resolver os conflitos".
Os dois chefes de Estado – ambos de países membros da União Europeia e da NATO – defenderam que a soberania da Ucrânia não pode ser posta em causa, mas Marcelo Rebelo de Sousa evitou falar diretamente sobre a eventual adesão deste país à Aliança Atlântica.
Sobre este ponto, de acordo com a tradução de esloveno para português, Borut Pahor considerou que "a Rússia tem condições que o mundo democrático não pode aceitar" e que "a Ucrânia pode escolher a sua política externa como um Estado soberano".
Em seguida, o Presidente esloveno manifestou-se a favor do "diálogo com a Rússia" e de uma "colaboração entre a União Europeia e a Rússia que possa durar, estender-se ao futuro", acrescentando: "Espero que a diplomacia tenha essa paciência para atingir uma solução que possa preservar a paz. O Ocidente tem de ter diálogo, eu pessoalmente apoio esse diálogo".
"Reconhecemos os valores que são os valores do direito internacional, entre eles a soberania dos Estados e o seu direito a determinarem o seu destino", disse, por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa.
Contudo, o Presidente português insistiu na mensagem de que a prioridade agora é "a construção do espaço para a diplomacia".
"E por isso eu não acrescentarei mais nada quanto a outras temáticas que são muitas vezes levantadas a propósito desta mesma questão, porque se a ideia é abrir espaço à diplomacia, essa abertura de espaço deve compreender o diálogo sobre toda a realidade envolvido. Não devemos estar, portanto, neste momento, a estabelecer limites ou qualquer tipo de restrições ao espaço que a diplomacia deve ter, deve manter para a resolução desta questão", sustentou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a convergência de posições entre Portugal e a Eslovénia estende-se também à situação nos Balcãs: "Partilhamos o mesmo ponto de vista, não se pode negligenciar, isto é, ignorar, menosprezar a situação nessa região".
"Também neste ponto temos visões muito parecidas. Primeiro, eu acho que temos de fazer tudo para apressar o alargamento da Europa", acrescentou Borut Pahor, defendendo que os países dos Balcãs Ocidentais devem "num prazo muito, muito curto" fazer parte da União Europeia.
Os dois chefes de Estado saudaram as reeleições dos presidentes de Itália, Sergio Mattarella, da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. No plano bilateral, declararam-se empenhados no em aprofundar as relações em vários domínios.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que esta é "visita pós-pandémica" de um chefe de Estado a Portugal e a última tinha acontecido em julho de 2019.
Em maio do ano passado, o Presidente português realizou uma visita oficial à Eslovénia, durante a qual convidou o seu homólogo, Borut Pahor, a visitar Portugal.
No início deste mês, Portugal e Eslovénia assinalaram 30 anos de relações diplomáticas.
(Artigo atualizado às 15:35)
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