Faltavam cerca de 20 minutos para as 18:00 - hora marcada para o arranque da iniciativa “Uma semente pela paz” - e eram já várias as pessoas que enchiam a Rua Passos Manuel, em frente ao Coliseu do Porto.

Alex Veliki, de 30 anos, vive no Porto há dois meses. A decisão de deixar a Ucrânia e vir para Portugal “foi espontânea”. Lá, deixou família e amigos. Cá, reencontrou outros tantos que fugiram no inicio da guerra.

Apesar da “hospitalidade” dos portugueses, o jovem não esconde a vontade de regressar à sua “casa”.

“Quero muito voltar para a Ucrânia”, assegurou à Lusa Alex.

A Rua Passos Manuel começava, entretanto, a preencher-se de gente e a fachada do Coliseu do Porto a iluminar-se com as cores da bandeira ucraniana.

Erguiam-se bandeiras da Ucrânia, da União Europeia e outras vermelhas e pretas que, segundo explicou à Lusa Sofia Muzychak, simbolizam “o cair de uma gota de sangue”.

“Se uma gota de sangue cair na bandeira ucraniana, a parte amarela fica vermelha e a parte azul fica preta”, referiu a jovem, que já vivia em Portugal quando, há precisamente um ano, o conflito começou.

“É inacreditável que uma guerra tão injusta já dure há um ano”, desabafou Sofia Muzychak, dizendo esperar que a mesma termine em breve.

No cimo da fachada do Coliseu, os Best Youth foram os primeiros a atuar, e a estes, seguiu-se a artista ucraniana Irina Horbatyuk.

“Hoje é um dia muito triste”, assinalou a ucraniana, encorajando os que, visivelmente emocionados, assistiam à atuação: “a vitória será nossa”.

Naquela que é uma das ruas mais movimentadas da cidade do Porto, às 18:24, fez-se silêncio.

O minuto silêncio foi prontamente substituído por palmas e gritos de esperança: “Glória à Ucrânia. Ucrânia acima de tudo”.

Naquele palco improvisado, seguiram-se as atuações de Pedro Lamares e de Pedro Abrunhosa que, com a música “Que o amor te salve nesta noite escura” – que fala da resistência daquele povo -, emocionou os que o aguardavam.

“Que o amor nos salve”, entoava o músico, apelando aos que assistiam que recordassem as vitimas da guerra.

Envolvidos em bandeiras, erguendo cartazes e segurando velas, vários ucranianos, mas também portugueses e turistas, rumaram em direção à Câmara do Porto.

Ao longo do trajeto, o som das sirenes era replicado enquanto se evocava “Glória à Ucrânia” e agradecia a Portugal pelo acolhimento.

Chegados à Câmara Municipal do Porto, o monumento de Almeida Garrett serviu de palco para discursos de conforto, mas também de esperança, entre os quais o do presidente da autarquia, Rui Moreira, que destacou a resistência e coragem daquele povo.

“Hoje, celebramos a vossa resistência e a vossa coragem. Hoje, sentimo-nos todos ucranianos”, assinalou.

A ofensiva militar lançada precisamente há um ano pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

Neste momento, pelo menos, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para a segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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