Fonte europeia disse à agência Lusa ao final da tarde que “está atualmente a decorrer uma reunião” entre o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que convocou a reunião, o chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, e o primeiro-ministro grego, Kyriákos Mitsotakis, que são respetivamente os dois negociadores dos Socialistas e Democratas (S&D) e os dois negociadores Partido Popular Europeu (PPE).

A reunião foi convocada por iniciativa de Pedro Sánchez, depois de esta tarde terem surgido várias declarações esta tarde questionando as investigações judiciais que envolvem o ex-primeiro-ministro português, António Costa, adiantou a mesma fonte.

O encontro foi confirmado à Lusa por uma outra fonte europeia, que lembrou que Donald Tusk foi o maior crítico, ao ter indicado que António Costa “tem competências” para ser presidente do Conselho Europeu, mas que deveria “esclarecer o contexto jurídico”.

A reunião acontece antes do início do jantar informal de líderes da União Europeia (UE), centrado nas discussões sobre os cargos de topo das instituições comunitárias no próximo ciclo institucional, no qual Portugal está representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, que já disse que apoiará António Costa.

Os S&D devem anunciar em breve o seu apoio oficial a António Costa, bem como o aval a Von der Leyen, sendo este o passo que o PPE (que tem mais líderes no Conselho Europeu) aguarda para depois decidir o apoio ao ex-chefe de Governo português.

Vários líderes da UE enfatizaram hoje, em declarações à entrada para a reunião, o seu apoio a António Costa para o Conselho Europeu, tendo Luís Montenegro referido não ter “nenhum tipo de reserva, nem nenhum tipo de dúvida” sobre o apoio ao seu antecessor.

Dos Países Baixos, Mark Rutte, o chefe de Governo cessante, qualificou o ex-líder socialista português como “um candidato muito bom”, salientando que o apoio de Lisboa a Costa é “muito importante”, referindo que o seu sucessor, Geert Wilders, de extrema-direita, manteve inalterado o programa de governo no que respeita à política externa.

Da Dinamarca, Costa pode contar com o apoio de Mette Frederiksen, que referiu só ter “boas coisas a dizer” sobre o candidato.

Simon Harris, primeiro-ministro irlandês, acrescentou ter falado com Costa nos últimos dias, salientando no entanto que na reunião de hoje será feita uma primeira abordagem ao pacote de nomes em cima da mesa, que inclui a recondução de Ursula von der Leyen à frente da Comissão Europeia e a indicação da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante para a Política Externa da UE.

Uma nota dissonante chegou pela voz do líder eslovaco, Peter Pellegrini, que referiu a expulsão do seu partido SMER do grupo S&D, decisão em que Costa terá sido “um dos políticos mais ativos”.

O Conselho Europeu debate hoje os cargos de topo da UE, devendo decidir na cimeira europeia no final do mês, discutindo-se o nome de António Costa para a liderança da instituição, o de Ursula von der Leyen e o de Roberta Metsola para segundos mandatos na Comissão e no Parlamento, respetivamente, e o da primeira-ministra da Estónia para chefe da diplomacia europeia.

O ex-primeiro-ministro português, que se demitiu em novembro na sequência de investigações judiciais, continua a ser apontado para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado dos 27, numa nomeação que é feita pelos líderes europeus, que decidem por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

É também o Conselho Europeu que propõe o candidato a presidente da Comissão Europeia num aval final que cabe depois ao Parlamento Europeu, que vota por maioria absoluta (metade dos 720 eurodeputados mais um).