“A Turquia deve parar com a operação militar em curso. Não irá resultar. E se o plano da Turquia é a criação de uma zona de segurança, não espere pelo financiamento da União Europeia (UE)”, afirmou Jean-Claude Juncker, diante do Parlamento Europeu reunido em Bruxelas.
Juncker falava momentos depois de o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter anunciado o início de uma nova operação militar no nordeste da Síria contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara.
“A Turquia tem problemas de segurança na sua fronteira com a Síria, que devemos entender. No entanto, exorto a Turquia, bem como outros atores, a agirem com contenção. Uma incursão irá agravar o sofrimento dos civis, que já está além do que as palavras possam descrever”, reforçou Jean-Claude Juncker.
Ao início da tarde de hoje, através da rede social Twitter, Erdogan anunciou o início da ofensiva.
“As Forças Armadas turcas e o Exército Livre da Síria (rebeldes sírios apoiados por Ancara) iniciaram a operação ‘Fonte de paz’ no norte da Síria”, declarou o Presidente turco.
A ofensiva turca surge após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, no domingo, de que as tropas dos Estados Unidos iam abandonar a zona em causa.
O governante norte-americano corrigiria posteriormente as suas declarações, assegurando que Washington não tinha “abandonado os curdos”, que desempenharam um papel crucial na derrota militar do grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Enquanto os ocidentais enaltecem o papel das YPG no combate aos ‘jihadistas’ do EI, Ancara considera as Unidades de Proteção Popular um grupo terrorista e uma ameaça à sua segurança devido aos laços ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), guerrilha ativa na Turquia desde 1984.
Segundo Erdogan, a operação militar que arrancou hoje visa “os terroristas das YPG e do Daesh [acrónimo árabe do grupo EI]” e pretende estabelecer uma “zona de segurança” no nordeste da Síria.
“A zona de segurança que iremos criar permitirá o regresso de refugiados sírios ao seu país”, acrescentou o líder turco.
Estados Unidos e Turquia acordaram em agosto último criar uma “zona de segurança”, separando a fronteira turca de territórios no norte sírio controlados pelos curdos, mas, perante aquilo que os turcos consideram ser a inação de Washington, as autoridades de Ancara têm ameaçado ao longo das últimas semanas concretizar o plano sozinhas.
A Turquia acolhe atualmente cerca de 3,6 milhões de refugiados, a grande maioria oriundos da Síria.
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