Igor Strelkov – um oficial da segurança aposentado que liderou em 2014 os separatistas do leste da Ucrânia, apoiados por Moscovo, e foi condenado por homicídio nos Países Baixos, por envolvimento no abate de um avião de passageiros da Malaysia Airlines nesse ano — defendeu ser necessária uma mobilização total para a Rússia alcançar a vitória na Ucrânia.
E já anteriormente tinha criticado Putin, chamando-lhe uma “não-entidade” e uma “mediocridade cobarde”.
O Tribunal Distrital de Moscovo ordenou que Strelkov, de 52 anos e cujo verdadeiro nome é Igor Girkin, permaneça sob custódia até 18 de setembro.
Strelkov foi detido a 21 de julho e enfrenta acusações de autoria de apelos para atividades extremistas, pelas quais poderá ser condenado a uma pena de cinco anos de prisão.
A sua equipa de defesa tinha pedido que ele fosse colocado em prisão domiciliária, devido a problemas de saúde.
Após a decisão, a mulher de Strelkov, Miroslava Reginskaya, afirmou: “A decisão do tribunal é injusta e vamos recorrer dela”.
A prisão de Strelkov tem sido interpretada como um sinal de que o Kremlin (sede da Presidência russa) endureceu a sua abordagem em relação aos críticos mais ferozes após a revolta abortada do grupo de mercenários Wagner, liderado por Yevgueny Prigozhin, em junho.
Strelkov foi detido quase um mês após o breve motim protagonizado por Prigozhin em que os mercenários tomaram um quartel-general militar na cidade meridional de Rostov e se dirigiram para Moscovo para exigir a demissão das chefias militares russas, parando quando estavam a apenas 200 quilómetros da cidade.
Prigozhin morreu a 23 de agosto, quando o avião em que seguia se despenhou. Os serviços secretos norte-americanos afirmaram que o avião foi provavelmente abatido e diversos líderes ocidentais têm sugerido que Putin será o responsável.
A revolta constituiu a maior ameaça ao poder de Putin em 23 anos, minando a sua autoridade e expondo a fragilidade do seu Governo.
Como Prigozhin, Strelkov criticou fortemente as chefias militares russas por incompetência, mas também condenou o líder do grupo Wagner e classificou a sua ação como traição e uma grande ameaça para o Estado russo.
Os dois trocaram várias vezes insultos, e os apoiantes de Strelkov indicaram que um inquérito criminal sobre as suas declarações foi iniciado por um dos mercenários Wagner.
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