Por estes dias, é na vila alentejana do distrito de Portalegre que se concentram as discussões sobre a Europa, juntando meia centena de estudantes universitários a protagonistas políticos como o vice-presidente Frans Timmermans, o comissário europeu da Ciência, Carlos Moedas, dois ministros e vários eurodeputados num Summer CEmp promovido pela Comissão Europeia que acontece este ano pela segunda vez.

A partida estava marcada para as 12:00 no Entroncamento, mas contrariando a pontualidade dos jovens, que chegaram de todo o país e estavam prontos para arrancar à hora combinada, um atraso da CP comprometeu o cumprimento do horário, deixando um autocarro lotado à espera da participante, que chegou 20 minutos depois e à beira de um ataque de nervos.

É Bruna Gonçalves, de 19 anos, que apesar de ter saído às 07:00 de Leiria com tempo ao Entroncamento, ficou “pendurada” quando o comboio regional que devia apanhar às 08:50 em Coimbra se atrasou quase duas horas.

Já a bordo e mais calma após esta manhã difícil, a estudante de Relações Internacionais em Coimbra, explicou à Lusa que decidiu participar no Summer CEmp por ser uma “uma oportunidade perfeita” e que se enquadrava no âmbito do seu curso “que gira muito à volta das relações europeias”.

Vem com expetativas altas, esperando “debates autocríticos” que ajudem a refletir sobre os caminhos que podem melhorar a Europa, elegendo como principais preocupações na atualidade a crise dos refugiados, o Brexit, o exército europeu e a ascensão dos governos de extrema direita

No autocarro eleva-se o “bruá” das conversas que revelam a jovialidade otimista dos “alunos” desta escola de verão que decorre em ambiente de informalidade.

O “diretor de turma”; Vasco Sampaio, que participou no Summer CEmp do ano passado, em Monsanto, e passou agora para as lides da organização, pega no microfone para dar informações práticas e alguns “recados”, enfatizando o respeito pelos horários.

Faz-se a “selfie” de grupo e retoma-se a conversas com os participantes.

No banco de trás, segue João Paulo Monteiro, de 20 anos, outro dos “alunos” desta turma europeia, dizendo que, como jovem acha importante fazer ouvir a sua voz quando se debate o futuro da Europa e foi isso que motivou a sua participação.

Estuda Economia na Universidade Nova de Lisboa e mostra-se especialmente atento à questão das desigualdades entre norte e sul da Europa, que devem ser atenuadas, focando em particular a união monetária.

Enquanto europeu, realça que a Europa deve continuar a ser um “farol” quando se fala de solidariedade e direitos humanos, mas também no desenvolvimento sustentável, e disse que gostava de ter estudantes de outras nacionalidades no Summer CEmp para perceber d que forma estes sentem o impacto de questões como as migrações que considerou “não afetarem muito” os portugueses.

Para Bruna Cavaca, de 21 anos, o Summer CEmp “faz todo o sentido” tendo em conta a sua escoa de curso – Estudos Europeus. A jovem elege também as migrações como o grande desfio europeu num futuro próximo.

Já Edgar Alves, de 21 anos, sustenta que um dos maiores problemas passa pela falta de identificação com a Europa.

“Acho que o problema de agora é igual ao do início da construção europeia, as pessoas não se identificam com a Europa”, afirma o estudante de Administração Pública da Universidade de Aveiro, acrescentando que muitos portugueses não se apercebem do impacto positivo que a União Europeia teve na sua vida, por exemplo a nível da construção de infra-estruturas.

São quase 14:00 e o autocarro circula já pelo Alentejo, atravessando uma estrada próxima de Castelo de Vide.

A expetativa da chegada cresce proporcionalmente à alegria e à medida que os participantes se vão conhecendo e descontraindo já se afinam algumas vozes. Os “alunos” trauteiam as melodias da rádio e saltam com à vontade entre Adele e os Red Hot Chili Peppers, antes de chegarem a clássicos portugueses como o “Mestre da Culinária” de Quim Barreiros e o “Anel de Rui” de Rui Veloso.

Marvão está já ao virar da esquina e apesar do atraso dos comboios, o autocarro chega pontualmente, sem defraudar as expetativas europeias.