O carnaval, na lista desde 2010, estava na mira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde a sua última edição, em março.

"O Comité baseou a sua decisão no fato de que as suas repetições recorrentes (...) de racismo e representações antissemitas são incompatíveis com os princípios fundamentais da Convenção para a salvaguarda do património cultural imaterial", justificou a UNESCO.

É a primeira vez que a Unesco aplica uma medida tão drástica.

A comunidade judaica da Bélgica já tinha anteriormente reagido com indignação à presença no desfile de um carro que caricaturava os judeus ortodoxos com narizes aduncos e sentados em sacos de ouro.

No seu comunicado, o órgão das Nações Unidas considerou que o carnaval havia exibido em várias ocasiões "mensagens, imagens e representações" estereotipadas que insultam a memória de "experiências históricas dolorosas que incluem genocídio, escravidão e segregação racial".

"A UNESCO tinha de estar atenta e firme sobre os excessos de um festival classificado como Património da Humanidade, e isso viola os seus valores básicos", disse a diretora-geral da organização, Audrey Azoulay, acrescentando que "para além disso, não é a primeira vez que carros racistas e antissemitas desfilam nesse festival".

Azoulay fez referência à edição de 2013, quando a sociedade carnavalesca teve a ideia de fazer desfilar um carro que mostrava como um oficial nazi o líder do partido independentista flamengo N-VA, que se supunha favorável à deportação de francófonos.

Irina Bukova, então diretora da organização, afirmou que era "um insulto à memória dos seis milhões de judeus que morreram durante o Holocausto".

A reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial foi realizada nesta semana na América Latina pela primeira vez.

Recorde-se que foi esta reunião em que os Caretos de Podence foram declarados Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

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