PSD

O presidente do PSD defendeu hoje que o confinamento se deverá manter até se atingir o número de infetados e risco de transmissão definidos por técnicos, e reiterou o voto a favor do estado de emergência.

“Continuar com o estado de emergência é indiscutível, definir os números em que se desconfina - número de infetados e valor do R [indicador que mede o nível de transmissão] - e preparar desde já a testagem em massa, diria eu, preferencialmente através da saliva, se tecnicamente for viável”, defendeu Rui Rio, em declarações aos jornalistas, na sede nacional do PSD, em Lisboa, no final da reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu por videoconferência.

Questionado se o país poderá ter de confinar durante mais dois meses, como admitiu o Governo, o líder do PSD reiterou que o importante será definir previamente os critérios com base nos quais o país poderá desconfinar, escusando-se a avançar ele próprio com números - “não sou técnico” - e apontando a intervenção do epidemiologista Manuel Carmo Gomes na terça-feira, na reunião do Infarmed, como um exemplo.

Acompanhado pelo vice-presidente do PSD André Coelho Lima, Rio afirmou que “naturalmente” o partido votará na quinta-feira a favor da renovação do estado de emergência, como fez sempre.

“Votámos sempre a favor conscientes da gravidade situação em Portugal, não tinha qualquer lógica não o fazer agora”, salientou.

Rio defendeu que, tal como ouviu na reunião de terça-feira no Infarmed ao especialista Carmo Gomes, Portugal deve seguir “uma metodologia de gestão” e definir linhas de infetados, contágios e positividade de testes que permitam ao país saber quando desconfinar ou que, quando ultrapassadas, o obrigam a voltar a confinar.

“São regras de gestão, de bom senso e parece-me bem que o Governo siga estas regras (…) A metodologia está bem e se tivesse sido feito sempre assim Portugal não teria chegado onde chegou. Todos teremos responsabilidade, o Governo terá muito mais”, afirmou.

Questionado se entende, como afirmou na terça-feira o dirigente do PSD Maló de Abreu que o Governo foi “frouxo” na gestão da pandemia, Rio preferiu utilizar o termo “para arranca”.

“Ao longo de todo este combate, o Governo tem andado sempre no para arranca, numa ausência de determinação, eu penso que ontem no Infarmed o professor Carmo Gomes procurou determinar o critério”, afirmou, acrescentando ter sentido “concordância” da parte do primeiro-ministro e da ministra da Saúde com os critérios apontados pelo especialista.

Questionado se poderá haver resistências na Direção Geral de Saúde em relação a novas políticas de testagem maciças, Rio disse não ter conhecimento, mas salientou que “quem diz como se faz é o Governo”.

“Não há resistências que valham quando há vontade política”, afirmou.

Rio lamentou que Carmo Gomes vá deixar de participar nas reuniões do Infarmed, dizendo que era sempre a “intervenção que mais gostava de ouvir”, mas disse aceitar as razões profissionais apresentadas pelo especialista.

“Se há mais qualquer coisa, desconheço”, afirmou.

O líder do PSD disse ter voltado a chamar a atenção do chefe de Estado para o facto de ainda não ter sido possível, apenas por razões burocráticas, contar com o apoio dos médicos portugueses reformados disponíveis, esperando que tal se altere no próximo estado de emergência.

Rui Rio saudou ainda que seja agora um militar, o vice-almirante Gouveia e Melo, a dirigir a ‘task force’ da vacinação, salientando que foi sempre o caminho que o PSD defendeu.

“Sinto-me confortável coma a solução e agora há uma outra organização, um outro planeamento, uma outra dinâmica na vacinação”, considerou.

PS

O PS manifestou hoje apoio a um decreto presidencial para a renovação do estado de emergência, considerou quase certo o prolongamento do atual confinamento até meados de março e defendeu a agilização da testagem e dos rastreios.

Estas posições foram transmitidas pelo secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro. "O PS transmitiu ao senhor Presidente da República o apoio à renovação do estado de emergência. As informações conhecidas na terça-feira são encorajadoras, mas não dispensam a manutenção do confinamento, declarou.

Neste ponto, o secretário-geral adjunto do PS referiu-se a fatores negativos como os atrasos na entrega das vacinas por parte das companhias e da indústria farmacêuticas e as mutações que se verificam no novo coronavírus, tornando assim "um imperativo" a manutenção do confinamento.

"De acordo com os dados conhecidos, o confinamento deve ser sem exceções e deverá manter-se pelo menos até meados de março, sendo então objeto de avaliação para verificar se é necessário prolongá-lo até ao fim desse mês", declarou o "número dois" da direção dos socialistas.

Interrogado sobre a possibilidade de o confinamento atual se estender mesmo para além das férias da Páscoa, ou seja, abranger os primeiros dias de abril, José Luís Carneiro respondeu que isso "não foi hoje objeto de apreciação com o Presidente da República".

"Tratámos da avaliação dos próximos 15 dias. Dentro de 15 dias vamos reavaliar estas medidas e não deixaremos de ponderar o que importa fazer nos próximos tempos", afirmou o dirigente socialista.

Perante os jornalistas, José Luís Carneiro referiu-se também às conclusões da reunião de terça-feira com epidemiologistas, no Infarmed, em Lisboa, apontando que as medidas que se encontram em vigor "têm produzido resultados encorajadores" em termos de redução do número diários de infetados.

"Queremos destacar as medidas muito positivas anunciadas pelo Ministério da Saúde, tendo em vista agilizar a testagem, agilizar o rastreio e também o isolamento dos cidadãos afetados pelo contágio. Sublinhamos também a importância de os ministérios da Economia, Finanças e Segurança Social continuarem a manter a pujança das medidas de apoio económico e social", acrescentou.

PCP

O PCP alertou hoje o Presidente da República que "o confinamento é a exceção, mas não pode ser a solução" para a responder à crise aberta pela pandemia de covid-19 e insistiu no reforço dos serviços de saúde.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reuniu-se hoje com Marcelo Rebelo de Sousa, por videoconferência, sobre a renovação do estado de emergência e, em declarações aos jornalistas, no parlamento, anunciou que o partido voltará a votar na quinta-feira contra a renovação do estado de emergência.

Jerónimo de Sousa disse ter alertado o chefe do Estado que há apoios económicos que podem chegar "tarde demais".

O líder comunista afirmou ter feito o alerta ao Presidente para "a situação económica e social, particularmente de micro, pequenas e médias empresas (MPME)", a quem tarda em chegar os apoios, e advertiu que "pode ser tarde de mais para milhares e milhares de micro, pequenos e empresários que não sabem o que fazer à sua vida".

O secretário-geral do PCP defendeu que, face ao “agravamento económico e social”, com “problemas acrescidos” na área da saúde pública”, deve haver “um alargamento exponencial do rastreio e testagem” à covid-19, devido à situação epidemiológica no país, que saiu de um mês de janeiro em que registou um número recorde de mortos, tanto da infeção como de outras causas, e com os hospitais sob enorme pressão.

Jerónimo também advogou a reabertura, logo que possível, das escolas, das atividades culturais e desportivas, além de insistir no reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na “valorização dos seus profissionais”, que têm feito “um esforço titânico”.

E também disse estar preocupado com o processo de vacinação, que “parecia que ia todo direitinho”, mas, afinal, “hoje há um problema”, que é saber “se [as vacinas] chegam para toda a população, como e quando”.

BE

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou hoje “inaceitável que o Governo esteja a poupar à conta das vítimas”, defendendo que, com um “confinamento que será longo”, este é o momento para corrigir os erros na falta de apoios.

Depois da reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por videoconferência, sobre a renovação do estado de emergência, Catarina Martins falou aos jornalistas na sede do BE, em Lisboa.

“O confinamento será longo e, para nós, é tão importante que o Governo não poupe à conta das vítimas da crise e à conta do próprio combate à pandemia”, sublinhou.

Para a líder do BE, “é essencial que os serviços públicos tenham os meios de que necessitam, é essencial que as pessoas que perderam os seus rendimentos com a crise tenham o apoio que necessitam”.

“Na próxima semana é possível, já no parlamento, votar-se diplomas sobre o subsídio de desemprego, para acabar com o corte nos salários dos pais e das mães que têm de ficar em casa e para alargar a quem está em teletrabalho e tem crianças pequenas a possibilidade da licença para acompanhar os seus filhos porque, como sabemos, o ano letivo não vai reabrir já”, apontou.

Na perspetiva da dirigente bloquista, “este é um momento para corrigir esse erro” relativamente à falta de apoios.

Sobre o sentido de voto do BE na renovação do estado de emergência, Catarina Martins afirmou, como tem vindo a ser habitual no final destas reuniões com o Presidente da República, que o partido vai esperar pelo decreto presidencial para decidir como irá votar.

Questionada diretamente sobre a reabertura das escolas - um dia depois da ministra da Saúde, Marta Temido, ter adiantado que Portugal deverá continuar com o nível de confinamento atual até meados de março – Catarina Martins respondeu que parece consensual na comunidade científica que “não há ainda condições para um desconfinamento”.

“O próximo estado de emergência vigora por 15 dias e sabemos que a escola continuará neste regime à distância”, sublinhou, aproveitando para reiterar as críticas ao Governo por não ter preparado as escolas para este ano letivo e nova fase de ensino à distância.

Já sobre eventuais conversações com o PS sobre estas medidas que o BE defende como prioritárias para apoiar as pessoas atingidas pela crise, a líder bloquista começou por registar que “o Governo no último mês, já por duas vezes, alterou o que tinha Orçamento do Estado, depois de ter dito ao Bloco de Esquerda que as propostas não eram necessárias e não as ter aceitado no debate do Orçamento do Estado, já veio anunciar duas medidas que vão ao encontro das nossas preocupações”.

“Uma foi um apoio extraordinário para os trabalhadores independentes não sujeito a condição de recursos, durante um mês, a outra foi agora a medida de que quem tem subsídio social de desemprego não receberá menos do que esse valor na nova prestação”, elencou.

O problema, de acordo como Catarina Martins, é que continuam “a ser medidas caso a caso, mês a mês, com muita burocracia” para pessoas que precisam já de apoio porque estão desprotegidas.

Na terça-feira, o primeiro-ministro considerou que o atual confinamento está a produzir resultados contra a covid-19, mas é necessário prolongá-lo face aos elevados níveis da pandemia e continuar a investir na testagem massiva e na capacidade de rastreamento.

Esta posição foi transmitida por António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter, depois de mais uma reunião no Infarmed, em Lisboa, sobre a evolução da situação epidemiológica em Portugal.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terminou hoje mais uma ronda de audiências com os partidos políticos antes de enviar ao parlamento o projeto de decreto que renova o estado de emergência até 1 de março e que será votado na quinta-feira na Assembleia da República, em Lisboa.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.341.496 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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