“Um homem de Deus que anda com armas dentro da igreja? É hora de ele ir para rua. Não basta que ele seja expulso da igreja, deve também deixar a CNE”, declarou Venâncio Mondlane, por cima da cabine de um camião na avenida Rio Tembe, arrancando aplausos de milhares de simpatizantes que o acompanharam hoje para mais um dia de marcha em protesto contra uma alegada “megafraude” nas eleições de 11 outubro.

Várias entidades já exigiram a demissão de Matsinhe da CNE, no contexto da contestação pela oposição e diversas instituições dos resultados das eleições autárquicas anunciados por aquele organismo.

Também é exigido o afastamento de Carlos Matsinhe da posição de bispo pela Igreja Anglicana de Moçambique e Angola (IAMA), entidade que cobre “a província eclesiástica” dos crentes destes dois países, lê-se na convocatória, feita pelo próprio bispo e assinada pelo administrador diocesano da Igreja Anglicana em Moçambique, Elvis Lucas Gumete.

A diocese dos Libombos da Igreja Anglicana em Moçambique estará hoje reunida em Maputo num encontro com um único ponto de agenda: debater as exigências de resignação de Matsinhe.

Para Venâncio, o atual presidente da CNE deve também enfrentar a justiça.

“É um homem de Deus que virou do diabo. Depois disso, Matsinhe deve ser preso. O chão da cadeia espera por ele”, acrescentou Venâncio Mondlane, no meio de uma multidão que gritava “Matsinhe, rua”.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, que nas anteriores 53 autarquias (12 novas autarquias foram criadas este ano) liderava em oito, ficou sem qualquer município, apesar de reclamar vitória nas maiores cidades do país, com base nas atas e editais originais das assembleias de voto, tendo recorrido para o CC, última instância de recurso no processo eleitoral.

Alguns tribunais distritais chegaram a reconhecer irregularidades no processo eleitoral e ordenaram a repetição de vários atos eleitorais, enquanto na rua se realizam regularmente manifestações de contestação aos resultados anunciados, os quais terão ainda de ser confirmados pelo CC.