Nas últimas 24 horas, foram identificadas, em Portugal, 5649 novas infeções pelo SARS-CoV-2 em Portugal – o maior número de casos desde o mês de fevereiro. O dia ficou marcado também pelo maior número de vítimas mortais desde o dia 10 de março – tendo sido registados 22 óbitos.

Nos hospitais, há ainda 879 pessoas internadas, menos 23 do que ontem, e nas Unidades Cuidados Intensivos (UCI) estão 130 pessoas, mais uma do que no dia anterior.

Além disso, o risco de transmissibilidade nacional está em 1,13, com uma tendência crescente de infeção.

Segundo o mais recente relatório de monitorização das linhas vermelhas para a covid-19, a 1 de dezembro de 2021, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 386 casos por 100 mil habitantes, representando uma tendência fortemente crescente a nível nacional.

As últimas estimativas previam que em menos de duas semanas o país pudesse ultrapassar as 480 infeções por 100 mil habitantes. Mas se os números de novos casos continuarem a subir à velocidade das últimas semanas, rapidamente poderá ser ultrapassado este limiar.

De acordo com o mesmo relatório, o grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada corresponde ao das crianças com menos de 10 anos – 597 casos por 100 mil habitantes. Já o grupo etário de pessoas com 80 ou mais anos apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 172 casos por 100 mil habitantes, que "reflete um risco de infeção inferior ao apresentado pela população em geral".

O documento reporta ainda que o número de doentes de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma tendência fortemente crescente, correspondendo agora a 50% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior era de 40%. A análise dá ainda conta de um número crescente de doentes internados em UCI - "+ 24% em relação à semana anterior".

“As regiões do Algarve e do Centro têm uma ocupação em percentagem do nível de alerta acima dos 70%”, salienta ainda o relatório.

Segundo a análise semanal, a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são atualmente moderados, mas apresentam uma tendência crescente.

No que diz respeito à mortalidade, na quarta-feira estava nos 17 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 10% relativamente à semana anterior – e que também apresenta uma tendência crescente. O valor é ainda, no entanto, inferior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças.

No que concerne a variantes, a análise identifica "a variante Delta (B.1.617.2)" como "dominante em todas as regiões, com uma frequência relativa de 100% (em atualização) dos casos avaliados na semana 46/2021 (15 a 21 de novembro) em Portugal".

O relatório das Linhas Vermelhas refere ainda que, perante a nova variante de preocupação Ómicron, há a “necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica, virológica e do controlo de fronteiras em Portugal, até serem conhecidas mais informações”.

Por cá, já foram identificados 34 casos de Ómicron -  e, segundo o documento, "a situação epidemiológica da variante Ómicron encontra-se ainda em evolução e investigação".

"Estes casos incluem os casos sequenciados para a variante Ómicron e os casos nos quais foram identificadas mutações específicas, fortemente preditores da variante Ómicron", segundo o relatório, que confirma que, de momento, "estes casos foram assintomáticos ou apresentaram sintomas ligeiros, não tendo ocorrido internamentos ou óbitos".

A informação vai ao encontro do que foi reportado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicou que, até ao momento, não é conhecida qualquer morte associada à nova variante Ómicron.

A OMS alertou, porém, para a possibilidade de que nos próximos meses mais de metade dos novos casos covid-19 na Europa possam vir a ser associados à variante emergente.

Segundo a OMS, vão ser ainda precisas semanas - entre uma a três - para perceber quais são as características da nova variante - se provoca doença mais severa e qual é a eficácia dos tratamentos e vacinas disponíveis. A sua circulação já está a ser alvo de uma elevada monitorização a nível mundial, tendo sido já detetada em vários países à escala global - em, pelo menos, 38 países.

“A grande questão tem que ver com as vacinas, e levará tempo a compreender o impacto [da Ómicron] nelas. Esta variante tem um número significativo de mutações, conhecemos algumas delas porque também apareceram noutras variantes. Por isso, temos algumas pistas de que poderemos ter uma redução na eficácia das vacinas. Ainda não temos informação, levará uma, duas ou três semanas para saber”, afirmou, citada pela agência noticiosa Efe, a líder técnica de resposta à covid-19 na OMS, Maria Van Kherkove.

A epidemiologista Maria Van Kherkove esclareceu ainda que o retrocesso que houve na luta contra a pandemia da covid-19, em particular na Europa, onde houve um aumento significativo de infeções e hospitalizações, é fruto da circulação da variante Delta.

“Se adicionarmos outra variante, as coisas ficam mais complicadas”, admitiu.

Entre duas variantes - a Delta e a Omícron -, o apelo volta agora a incidir num reforço das medidas preventivas que todos já conhecemos: a vacinação, uso de máscaras, distanciamento físico, higienização das mãos e ventilação de espaços fechados.