Apesar de garantirem pagar salários de 1000 euros, os empresários do setor florestal estão com dificuldades para garantir mão de obra, escreve hoje o Jornal de Notícias. Em causa está a sazonalidade e a dureza das tarefas, que afasta até mesmo quem está desempregado.
Em conversa com o jornal, Manuel Luís, da empresa Florestas Sustentáveis, adianta que o trabalho mecanizado, por ser menos fisicamente exigente, tem alguma saída, concentrando-se o problema nos “trabalhos manuais na floresta” que são “extremamente pesados.
Por isso mesmo, o empresário viu-se na necessidade de contratar 18 trabalhadores sazonais vindos do estrangeiro para trabalhar entre julho e outubro. “Foi isso que nos salvou. O típico trabalhador português não está vocacionado para trabalhos mais duros da floresta. No Sul do país, temos jornadas a pagar 100 euros por dia, mas as pessoas preferem 600 ou 700 euros líquidos num supermercado do que estar ao frio e à chuva", atira.
Outro dos entrevistados, Pedro Serra Ramos, presidente da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente, lamenta a falta de profissionalização do setor, sendo necessário garantir trabalho durante todo o ano e não em apenas alguns meses. “É preciso que as pessoas assumam isto como profissão e não como um biscate", diz.
O responsável alerta que mesmo pessoas desempregadas ou a beneficiar de contratos de emprego-inserção têm dificuldades em lidar com a dureza do trabalho, tratando-se frequentemente de "colecionadores de cursos" que não aguentam um dia de trabalho até ao fim. "Acham o trabalho duro e nem aparecem depois do almoço", sublinha.
Segundo o JN, a plataforma de serviços Fixando fez um inquérito a 5680 proprietários de terrenos, concluindo que "25% não limparam os terrenos por escassez de profissionais, falta de dinheiro ou despreocupação" e que "26% não sabem que as multas em vigor podem chegar aos 120 mil euros".
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