A obra-prima de Antoni Gaudí, que tem sido um trabalho em progresso desde 1882, vê agora um acrescento natalício: uma estrela de 12 pontas colocada numa das torres principais da basílica, conta o The Guardian.
A estrela vai ser iluminada a partir de 8 de dezembro, dia em que se celebra a Imaculada Conceição. As 800 janelas da torre também vão ganhar luz nessa data.
Contudo, é pouco provável que a estrela "ilumine" o ambiente dos habitantes locais, cujas vidas têm sido arruinadas durante anos pela maior atração turística da cidade, que antes da pandemia trazia 60.000 visitantes por dia para a zona.
As associações de moradores locais acusam a fundação religiosa responsável pela basílica de ser desleal nas suas relações com os habitantes.
Nesse sentido, Salvador Barroso, porta-voz de um dos grupos locais, não se deixa impressionar pela última adição ao monumento. Para o morador, a estrela, que pesa 5,5 toneladas e mede 7 metros de ponta a ponta, é "esteticamente horrível".
Mas esse não é o maior problema deste trabalho que não terminou ainda: a principal ansiedade é que a fundação avance com o seu plano de construir uma enorme escadaria que conduza à entrada principal da basílica ainda não acabada, o que implicaria a demolição de três quarteirões inteiros da cidade, desalojando cerca de 1.000 famílias e empresas.
Xavier Martínez, diretor-geral da fundação que gere a basílica, disse que estão abertos a sugestões sobre a escada, mas acrescentou que cabe à Câmara Municipal decidir se a incluiria no seu novo plano urbano.
Para Barroso, a escada foi concebida pelos discípulos de Gaudí após a sua morte — pelo que não fazia parte dos planos originais do arquiteto, que foram destruídos por anarquistas no início da guerra civil espanhola.
Arquitetos locais dizem que a obra recente não pode ser considerada como a de Gaudí, uma opinião partilhada pela Unesco, que considera que apenas a parte da basílica concluída durante a vida do arquiteto é património nacional.
Desde o início das obras, há 139 anos, a basílica da Sagrada Família tornou-se uma palavra de ordem para negócios inacabados e a data de conclusão de 2026 foi abandonada em consequência da pandemia.
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