A presidente dos centristas chegou às 18:00 à sede do largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, na expectativa e com tranquilidade para saber os resultados nestas eleições que confirmaram o “trambolhão” eleitoral dos centristas.
As projeções das televisões foram um balde de água fria para quem estava na sede do partido – eram poucos os militantes na sala das conferências de imprensa, duas dezenas no máximo, durante a noite – enquanto no segundo andar, onde fica o gabinete da presidente, estava grande parte da sua comissão diretiva e outros dirigentes nacionais.
O único comentário da noite foi o de Diogo Feio, diretor do gabinete de estudos do partido, que desceu ao primeiro andar, pouco depois das 19:00, para comentar o previsível aumento da abstenção para níveis recorde e dizer que é “um desafio para o futuro” dos partidos.
Seguiram-se quase duas horas de silêncio, em que nenhum dirigente – mesmo nenhum – se assomou à sala dos jornalistas para dizer o que fosse num ambiente carregado, de desalento de militantes e dirigentes.
Até que, subitamente, minutos antes das 21:00, o assessor de imprensa, Pedro Salgueiro, anunciou que a líder “vai descer” para falar.
Minuto e meio bastou para Assunção Cristas esclarecer tudo: assumiu “o resultado democraticamente”, ou seja, a derrota, disse que ia pedir a antecipação do congresso e que ela própria saía e não se recandidatava ao lugar que ocupou durante três anos e nove meses.
A seu lado, no palco azul, decorado com a palavra de ordem “Assim faz sentido”, teve alguns dos dirigentes que a acompanharam na liderança, como Adolfo Mesquita Nunes, Telmo Correia, Pedro Morais Soares, secretário-geral, Pedro Mota Soares, Nuno Magalhães, Isabel Galriça Neto ou Ana Rita Bessa.
Depois, gerou-se a confusão em torno de Assunção, debaixo de aplausos, com abraços, beijos e câmaras de televisão, mas a líder nada mais disse nem esclareceu se ocupará o seu lugar no parlamento.
Passados 30 minutos já a presidente demissionária estava de saída da sede do CDS, acompanhada pelo marido, e entrou no carro da família. Mais uma vez, nada adiantou aos jornalistas e apenas disse: “Boa noite e bom descanso. E agora deixem-me descansar a mim também.”
A essa hora, segundo os resultados provisórios, o CDS tinha cerca de quatro por cento dos votos (ao nível dos piores resultados de sempre, em 1987 e 1991) E ainda não tinha eleito qualquer deputado.
Na sala do segundo andar, já sem Cristas, continuaram reunidos outros dirigentes do partido para acompanhar o que faltava da noite eleitoral e testemunhar a eleição de Cecília Meireles, pelo Porto, da própria líder, em Lisboa, de Telmo Correia, em Braga, e João Almeida, em Aveiro. Às 23:15, com 98,4% das freguesias apuradas, o CDS tinha 4,26% e 201.949 votos.
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