“Gostaria de salientar que a prerrogativa da presidência do G7, neste caso os Estados Unidos, é emitir convites pontuais, que refletem as prioridades do anfitrião. No entanto, alterar o formato [do grupo] não é uma prerrogativa sua”, advertiu o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.
Falando numa conferência de imprensa em Bruxelas, Borrell apontou que, no entender da UE, o atual formato do G7 reúne à mesma mesa não só os países mais industrializados do mundo, mas também nações que se orientam “por valores, interesses e compromissos partilhados”, recordando então que a Rússia foi excluída do grupo — então G8 — por não respeitar esta lógica, na sequência da anexação ilegal da península ucraniana da Crimeia, em 2014.
“A mudança de formato, de G8 para G7, foi resultado de uma escolha da Rússia”, apontou, recordando que a declaração de Haia de 2014 “precisa as condições para um regresso ao anterior formato”, que só terá lugar quando Moscovo “mudar de rumo” e for de novo expectável um debate construtivo no seio da organização, o que — observou — “não é o caso atualmente”.
No sábado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, que detém atualmente a presidência rotativa do grupo, anunciou o adiamento para o outono a cimeira do G7 – que planeava organizar presencialmente este mês na Casa Branca, em Washington, apesar da crise sanitária do novo coronavírus -, e adiantou que tencionava convidar outros países para a reunião, em particular Rússia, Austrália, Coreia do Sul e a Índia.
Segundo Trump, o atual formato do grupo – Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos, mais UE representada pelos presidentes do Conselho Europeu e da Comissão – já está “ultrapassado” e “não representa corretamente o que está a acontecer no mundo”.
Esta não é a primeira vez que Trump se refere à reintegração da Rússia no grupo, possibilidade que conta com a oposição de alguns membros do G7, como o Canadá, que na segunda-feira já se manifestou contra tal cenário.
Lembrando igualmente que a Rússia foi excluída do grupo após a anexação da Crimeira, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou que o “desrespeito contínuo e ostensivo das regras e normas internacionais” é o motivo pelo qual a Rússia “permanece fora do G7 e pelo qual continuará de fora”.
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