O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, lamentou em comunicado a suspensão da Constituição e das instituições por membros das forças armadas agrupadas no chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR), e sublinhou o seu respeito pelas instituições republicanas.
“A UE faz um apelo à calma e à concórdia de todos os atores e pede a libertação imediata de todas as pessoas detidas ilegalmente, a começar pelo Presidente Kaboré”, sublinhou.
O chefe da diplomacia da UE disse que a UE está atenta à posição e às decisões tomadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que condenou firmemente o golpe, “com vista a encontrar uma solução favorável para esta situação”.
“A UE lamenta que o diálogo não tenha prevalecido, particularmente face às questões de segurança nacional e à situação humanitária no país, que exigem uma resposta apoiada pela maioria para realizar reformas essenciais”, disse o político espanhol.
Borrell afirmou que “o fracasso em restaurar a ordem constitucional terá consequências imediatas para a parceria [da UE] com o país”.
“Juntamente com os outros parceiros do Burkina Faso, a UE continua firmemente empenhada em apoiar o país, para ajudá-lo a superar os muitos desafios que enfrenta”, disse, ao mesmo tempo que expressou a solidariedade do bloco europeu “com todo o povo do Burkina Faso”.
A junta militar que dirige o Burkina Faso desde o golpe de Estado de segunda-feira recebeu apoio popular nas ruas do país na terça-feira, apesar da condenação da comunidade internacional, que repudiou a rutura da ordem constitucional e exigiu a libertação do Presidente deposto.
O golpe de Estado foi confirmado na segunda-feira, depois de o país ter vivido momentos de tensão no domingo devido a tiroteios em vários quartéis militares em Ouagadougou e noutras cidades, incidentes inicialmente descritos como um alegado motim para exigir melhorias nas Forças Armadas.
O golpe foi precedido no sábado por um dia de manifestações não autorizadas, convocadas pela sociedade civil para expressar o grande descontentamento social, agravado nos últimos meses pela insegurança gerada pela violência ‘jihadista’, e exigir a demissão de Kaboré.
O Burkina Faso tem sido alvo de ‘jihadistas’ desde 2015 e os ataques, atribuídos a grupos aliados da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, causaram mais de 1,5 milhões de deslocados internos, segundo o Governo do país.
O golpe de Estado no Burkina Faso é o quarto na região da África Ocidental, depois dos dois ocorridos no vizinho Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), país que também sofre do flagelo do terrorismo jihadista, e o da Guiné-Conacri (setembro de 2021).
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