“Hoje os ministros [dos Negócios Estrangeiros] confirmaram que Lukashenko carece de qualquer legitimidade democrática e deram a sua ‘luz verde’ política para [a UE] começar a preparar o próximo pacote de sanções, que irá incluir o próprio Lukashenko”, declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em conferência de imprensa no final da reunião destes responsáveis, no Luxemburgo.

A informação foi avançada horas depois de o Conselho da UE ter informado, em comunicado, que os ministros dos Negócios Estrangeiros manifestaram a sua “disponibilidade” para reforçar as sanções aplicadas aos repressores dos protestos na Bielorrússia, admitindo abranger Alexander Lukashenko nas medidas restritivas “caso a situação não melhore”.

E surge também depois de um primeiro pacote de medidas restritivas — incluindo limitações à circulação ou congelamento de bens e contas — que abrangeu cerca de 40 personalidades ligadas ao regime bielorrusso e que foi oficialmente aprovado pelo Conselho Europeu há duas semanas.

Na altura, os líderes europeus optaram por não sancionar Alexander Lukashenko, temendo que isso bloquearia o diálogo político, de acordo com fontes diplomáticas, mas essa posição alterou-se devido ao comportamento do Presidente bielorrusso.

“O que aconteceu desde a última lista mostra uma falta de vontade de Lukashenko de avançar com negociações e contactos com vista a […] uma solução democrática para o que está a acontecer na Bielorrússia”, justificou hoje Josep Borrell à imprensa.

O Alto Representante da UE para a Política Externa vincou, ainda, que o acordo político alcançado entre os ministros dá uma “mensagem clara às autoridades bielorrussas de que perpetuar a atual situação não é possível”, isto depois de mais um fim de semana de protestos pacíficos e de violência no país.

As presidenciais de 9 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Alexander Lukashenko, com 80% dos votos, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.

Desde então, os bielorrussos têm protestado nas ruas, em manifestações reprimidas pelas autoridades. Svetlana Tikhanovskaya, a principal rival de Lukashenko, obteve 10%.