As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Balcãs bloquearam milhares de pessoas na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária, segundo a ONU. Só nos dois primeiros meses do ano, mais de 130 mil migrantes chegaram à Europa através do Mediterrâneo.
"É uma crise que testa a nossa União nos seus limites", reconheceu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. O responsável esteve hoje na Croácia. Sexta-feira realiza-se, na Turquia, uma reunião extraordinária sobre a crise migratória.
A Comissão Europeia anunciou um projeto sem precedentes, a fim de fornecer ajuda humanitária de emergência aos países mais pobres e membros da UE na linha de frente desta crise.
"A proposta de hoje disponibilizará 700 milhões de euros para ajuda humanitária onde ela é mais necessária", indicou o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianide.
O pacote deverá ser dividido em três anos, sendo que para 2016 estão previstos 300 milhões. Este montante será destinado "principalmente para a Grécia, porque é neste país que a crise humanitária é mais grave", assegurou Stylianides, pedindo aos estados-membros e o Parlamento Europeu que apoiem "rapidamente" a proposta.
A Grécia, que enfrenta uma situação insustentável na fronteira com a Macedônia, onde milhares de migrantes permanecem bloqueados, disse que necessita de 480 milhões de euros para acomodar 100 mil refugiados. Atenas reconheceu "que não será capaz de gerir todos os refugiados que chegam". Atualmente, o país acolhe 23 mil migrantes.
Macedónia reabre fronteira só para 300 pessoas
A Macedónia reabriu nesta quarta a fronteira, deixando passar mais de 300 refugiados sírios e iraquianos, enquanto outros 10 mil continuam presos no lado grego do posto fronteiriço de Idomeni. É o primeiro grupo de migrantes autorizado a atravessar esta fronteira desde segunda-feira, quando um grupo de 300 pessoas, incluindo iraquianos e sírios, tentou forçar a vedação de arame farpado. A polícia macedónia respondeu com gás lacrimogêneo.
A Comissão Europeia manifestou a preocupação com estes incidentes, mas a Macedónia justificou a resposta, argumentando uma "tentativa violenta" de intrusão. As autoridades aumentaram a presença de soldados e policias "por razões preventivas".
A situação nos arredores de Indomeni é cada vez pior. "Entre sexta-feira e domingo, o campo passou de 4.000 a 8.000 pessoas. Agora, temos mais de 9.000", segundo Jean-Nicolas Dangelser, responsável logístico da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na zona, que administra a distribuição de refeições.
A Macedónia é o primeiro país na rota dos Balcãs, utilizada por migrantes que chegam às ilhas gregas a partir da costa turca e que desejam dirigir-se aos países da Europa do Norte e Central.
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