"Não posso acreditar, porque o Governo tem, reiteradamente, falhado com a palavra dada. Nesta matéria, anda a prometer e a garantir desde o ano passado, mas o facto é que continuamos sem receber", afirmou António Fidalgo em declarações à agência Lusa.

Na terça-feira ao final do dia - após uma reunião convocada de urgência pelo ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor - o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Fontaínhas Fernandes, informava que o ministro reiterou que o acordo que garante o pagamento da dotação orçamental adicional relativa a 2017 é para cumprir.

António Fontaínhas Fernandes referiu ainda que os reitores presentes no encontro saíram "confiantes" de que, "nos próximos dias", terão uma solução para encerrar a questão.

Ao contrário dos reitores que reuniram com o ministro, o reitor da UBI assume que não está confiante e reitera a "enorme preocupação" quanto ao desfecho do processo que, segundo diz, está a ser "discriminatório", visto que algumas instituições de ensino superior já foram contempladas com as verbas em causa, deixando outras de fora.

"Não posso entender que instituições, que até têm dotações orçamentais superiores às da UBI, tenham recebido e que esta universidade, cujo subfinanciamento crónico é público e conhecido, fique de fora", apontou.

Segundo explicou, na UBI, as atualizações salariais de 2017 aumentaram a despesa em 211 mil euros, valor que, garante, "faz muita falta" e só contribui para agravar o desequilíbrio orçamental das contas.

"O orçamento que temos para 2018, que será apresentado no próximo Conselho Geral, tem um défice de 1,250 milhões de euros", especificou, garantido que a situação é originada pelo facto de a dotação orçamental atribuída por o Governo estar aquém das necessidades.

A UBI tem sistematicamente denunciado que a verba anual que recebe do Estado não dá para pagar a totalidade dos ordenados e, em setembro, numa atitude inédita, decidiu não submeter a proposta de orçamento para 2018 na plataforma nacional.

Na altura, António Fidalgo explicou que o valor atribuído pelo Governo e as regras contabilísticas impediam de realizar tal procedimento, visto que, mesmo com receitas próprias, os valores obtidos não eram suficientes para fazer face à totalidade das despesas.

A proposta de orçamento acabou por ser submetida automaticamente pela tutela, com a mesma verba do ano anterior. A situação ainda chegou ao Parlamento, mas o ministro da tutela não foi sensível aos argumentos dos que pediam um reforço da verba para a UBI e a revisão de todo o modelo de financiamento do ensino superior.

A UBI está sediada na Covilhã, distrito de Castelo Branco, emprega cerca de 700 pessoas e atingiu este ano o maior número de estudantes de sempre, com um total de 7.262 alunos matriculados.