“Esta medida é o primeiro passo para tentar corrigir a assimetria de vagas entre Porto e Lisboa e o resto do país. Agora, é evidente que este assunto tem de ser bem acompanhado e não pode ser apenas uma medida, é necessário criar um conjunto de medidas adicionais”, disse à Lusa o presidente do CRUP, Fontainhas Fernandes.
Para o presidente do CRUP, é preciso “avaliar se existe um aumento [de alunos] nas instituições do interior” e “reforçar a ação social, que “passará pela construção de residências, uma das componentes mais determinantes das famílias quando têm filhos a estudar no interior”.
Sobre as capacidades do interior para atrair estudantes, Fontainhas Fernandes, reitor da Universidade dos Trás-os-Montes e Alto Douro, está convicto que “existem realmente condições” para os receber.
“A Universidade dos Trás-os-Montes e Alto Douro está centrada no campo, onde a proximidade entre professor e aluno é muito elevada, e onde têm concentradas as atividades desportivas e culturais. Desta forma, quando existe esta proximidade, o sucesso académico e a eficiência pedagógica conseguem ser maiores”, exemplificou.
O presidente dos reitores considera que “as faculdades do litoral não vão sair prejudicadas” ao reduzir-se o número de vagas, porque “existem outros mecanismos de estas obterem o número de alunos para as vagas disponíveis”.
“Por exemplo, os estudantes podem fazer o 1º ciclo no interior e vir acabar a formação pós-graduada no Porto ou em Lisboa, ou seja, é possível compensar. Agora basta saber se essa medida por si só é eficaz”, afirmou.
A reação do reitor surge na sequência da divulgação do número de vagas de acesso ao ensino superior, que registaram um aumento, ainda que residual, num ano em que foram cortados, por determinação do Governo, lugares em Lisboa e Porto, para favorecer as instituições do interior do país.
Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), o total de vagas para ingressar nas universidades e politécnicos públicos em 2018 é de 50.852, mais 0,2% do que as 50.838 vagas de 2017, fixando-se a distribuição em 55% para as universidades e 45% para os politécnicos.
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