De acordo com declarações do presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Fontainhas Fernandes, citadas pela sua assessoria de imprensa, “as universidades portuguesas têm como ambição duplicar as verbas europeias que financiam a sua investigação, tanto no envelope nacional no próximo quadro de verbas comunitárias, como no Horizonte Europa, que irá ter 100 mil milhões de euros para distribuir por instituições de toda a União Europeia”.
Fontainhas Fernandes acrescentou ainda que a meta das universidades e dos centros de investigação é “chegar aos dois mil milhões de euros de financiamento europeu para a investigação e inovação em Portugal até 2027”.
O objetivo da duplicação do financiamento por via comunitária, assim como a necessidades de atualizar o ensino superior português, em conteúdos e infraestruturas, são temas em debate na 2.ª Convenção do Ensino Superior, dedicada ao tema “Investigação, Inovação e Ensino: os desafios para 2030”, que decorre na sexta-feira no auditório Renato Araújo, na Reitoria da Universidade de Aveiro.
O segundo encontro da Convenção do Ensino Superior, organizada pelo CRUP, deverá ter na abertura e no encerramento os ministros que tutelam os temas abordados: o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, vai estar na sessão de abertura, e o ministro do Planeamento, Nelson Souza, na de encerramento.
O reitor da Universidade de Aveiro e anfitrião do encontro defende, também em declarações à assessoria de imprensa do CRUP, que é necessária uma atualização do ensino superior e uma melhor articulação com a investigação, e que “se as universidades não fizerem as mudanças necessárias, correrão o risco de na próxima década produzirem profissionais desatualizados”.
“Os novos conteúdos e perfis de ensino deverão valorizar as competências para o trabalho em equipa, desenvolver a criatividade e a inovação, promover capacidades como a liderança, a capacidade de arriscar e de saber comunicar bem os projetos que estão a ser desenvolvidos. […] Este tipo de aprendizagem e de investigação não pode ser desenvolvido com modelos de ensino passivos. É necessário que as universidades entrem na próxima década a desenvolver novos métodos de trabalho que favoreçam mais as dinâmicas individuais, a articulação entre a aprendizagem e a pesquisa, a inovação e o risco”, afirmou o reitor.
Para permitir que as instituições nacionais compitam em pé de igualdade no “mercado global de talento”, acrescentou, são precisos “níveis de financiamento diferentes”.
A inovação no ensino, a internacionalização e o financiamento das instituições científicas são temas em debate em Aveiro.
A Convenção do Ensino Superior promovida pelo CRUP arrancou em janeiro, no ISCTE, em Lisboa, onde os reitores procuraram elencar preocupações que querem ver abordadas nos programas eleitorais, mas que acabou por ficar marcada por declarações políticas, de vários governantes, entre os quais o ministro Manuel Heitor, favoráveis à eliminação das propinas nas licenciaturas.
Em entrevista ao Expresso, semanas depois, o ministro acabaria por recuar nas declarações, afirmando nunca ter defendido o fim das propinas no ensino superior, considerando que essa seria uma medida “altamente populista”.
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