"A urgência de Obstetrícia está a funcionar normalmente" e no que respeita "à alegada demissão de chefias de Obstetrícia”, anunciada em comunicado emitido pelos médicos, “não há qualquer evolução sobre o assunto”, afirmou a administração do Hospital Amadora-Sintra numa resposta escrita à agência Lusa.
O hospital sublinha que “fez o que estava ao seu alcance fazer”, nomeadamente o lançamento de um concurso para a admissão de cinco médicos de obstetrícia em regime de prestação de serviços.
Os chefes de equipa do serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia do hospital Amadora-Sintra concretizaram na terça-feira os pedidos de demissão que tinham apresentado, uma vez que o conselho de administração e o Governo não responderam a qualquer das questões que os médicos colocaram, nomeadamente a contratação de especialistas para o serviço e a reorganização do serviço de urgência, segundo o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha.
Para o sindicato e os médicos, a proposta apresentada, de contratação de profissionais de empresas de prestação de serviços, ou tarefeiros, não é uma solução. “Pode mitigar o problema pontualmente, mas não tem nenhuma [consequência] estrutural”, disse Roque da Cunha.
As cartas de demissão foram entregues no início de agosto e foi dado à administração do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) um prazo de 15 dias (que terminou na terça-feira) para resolver a situação.
Um dos chefes de equipa contactado na quarta-feira pela Lusa confirmou que as cartas de demissão não foram levantadas.
Devido à falta de médicos, há uma “situação de contingência” no serviço de urgência de Obstetrícia: “A nada ser feito, irá naturalmente fechar a médio prazo, porque, se neste momento os médicos com 55 anos decidissem deixar de fazer noites e com 50 anos deixassem de fazer urgências, não havia ninguém para fazer o serviço de urgência no hospital Amadora-Sintra", descreveu Roque da Cunha.
O sindicalista explicou que, a partir de agora, a responsabilidade pelos problemas que ocorram “é do conselho de administração, uma vez que os médicos já entregaram minutas de exclusão de responsabilidade".
Trata-se da "posição dos chefes de equipa da urgência que é corroborada pela esmagadora maioria dos médicos, que também se solidarizaram com os responsáveis das equipas", acrescentou.
O presidente do SIM disse ainda que os responsáveis políticos sabem que os médicos, enquanto não forem substituídos, "patrioticamente têm de manter-se nos seus lugares, e estão a contar com isso, mas esquecem-se de que a situação, caso exista algum problema, será responsabilidade do conselho de administração".
A médica Teresa Matos, uma das chefes da equipa de ginecologia e obstetrícia do hospital, revelou na semana passada, durante uma visita do bastonário da Ordem dos Médicos, que em todas as situações o serviço esteve a funcionar com equipas abaixo do mínimo e várias grávidas tiveram de ser transferidas para outros hospitais.
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