Ana Tarrafa, representante da comissão que defende os utilizadores do comboio no Algarve, disse à Lusa que o objetivo do protesto foi o de assinalar o arranque de 2019 com uma iniciativa que desse a conhecer os Utentes da Linha do Algarve, numa fase em que a estrutura “ainda é informal” e pretende “reunir cada vez mais pessoas” para ganhar uma maior dimensão.

“E isto depois de um ano de 2018 que foi dos piores para o serviço de comboios no Algarve, com muitas supressões de horários, que nem sempre foram substituídas por autocarros, e no qual a degradação das composições ao nível da higiene e até da própria segurança foi cada vez mais visível, a par da degradação de estações e apeadeiros que estão quase ao abandono”, criticou Ana Tarrafa.

Na origem desta situação está, segundo a mesma fonte, “o desinvestimento que tem sido feito ao longo dos anos” na ferrovia e que o “atual Governo ainda não conseguiu reverter”, apesar dos vários anúncios de novos investimentos em composições e na eletrificação futura da linha regional algarvia.

A representante dos Utentes da Linha do Algarve lamentou que as supressões de horários estejam a ser feitas “sem aviso prévio” e causem “incertezas nos horários”, com “consequências na vida das pessoas que utilizam este transporte para trabalhar”, mas também “nos visitantes da região”, que tem a economia assente no setor do turismo.

Ana Tarrafa criticou também as substituições que são feitas com autocarros, “porque o transporte por estrada fica mais demorado” e “algumas paragens nem são feitas”, e considerou que é necessário investir mais na Linha do Algarve, que tem “muitas potencialidades”.

“Esta linha é uma linha com condições para ser atrativa e poder ter mais utilizadores, mas é preciso dotá-la de condições, investindo na melhoria das composições e na eletrificação da linha, mas também assegurando que os horários que estão escalonados são cumpridos”, acrescentou.

A mesma fonte disse também que os novos investimentos em composições anunciados pelo Governo “são insuficientes”, porque “há outras regiões do país com problemas nas linhas ferroviárias”, como na Linha do Oeste, e “as 22 composições que irão ser adquiridas pelo Governo não chegam”.

Ana Tarrafa garantiu que a estrutura que representa os utentes vai “estar atenta” ao cumprimento de todas as promessas que são feitas para melhorar a via e prevê, no futuro, realizar outras ações de sensibilização da população para o problema e de protesto pelo “estado de degradação a que o transporte ferroviário chegou”.