Inês Gomes, que trabalha em Lisboa e reside na Sapataria, concelho de Sobral de Monte Agraço, já era cliente dos transportes públicos para a capital servidos pela Boa Viagem, empresa do grupo Barraqueiro.
Até à semana passada entrava na paragem mais perto de casa, em Pero Negro, ainda no seu concelho, e pagava um passe mensal de 140 euros.
Com a entrada em vigor das novas tarifas nos transportes públicos, esta utente optou por se deslocar de carro cerca de cinco minutos e efetuar 1,5 quilómetros, apanhando o autocarro na paragem seguinte, na Enxara dos Cavaleiros, já no concelho de Mafra.
A paragem à beira da estrada nacional 9-2 divide os concelhos de Sobral de Monte Agraço, pertencente à Comunidade Intermunicipal do Oeste, e Mafra, na Área Metropolitana de Lisboa, ambos do distrito de Lisboa.
Se continuasse a entrar no autocarro em Pero Negro, com o desconto de 30% anunciado para estes títulos inter-regionais pela Comunidade Intermunicipal do Oeste, o passe para Lisboa passaria a ser de cerca de 100 euros, enquanto na Enxara dos Cavaleiros é de 40 euros.
Inês Gomes não hesitou “pela diferença de 100 euros” face ao valor que pagava até março, disse à agência Lusa.
O casal Ana Faustino e Luís Alves, moradores na vila de Sobral de Monte Agraço, deixaram hoje de ir trabalhar para Lisboa de automóvel e encontravam-se à espera de autocarro na mesma paragem.
“Até agora não tirávamos o passe, porque custava cerca de 150 euros para cada um e optávamos por ir de automóvel, já que a despesa era a mesma. Mas, como saiu este passe mais barato, passámos a aderir aos transportes, porque é muito mais económico, mais descansado e poupamos o ambiente, porque é menos um carro a ir para Lisboa”, explicaram à Lusa.
Ricardo Pedro, morador em Torres Vedras, donde se deslocava todos os dias de automóvel para ir trabalhar para Lisboa, optou também por aderir ao transporte público.
Este utilizador espera poupar parte dos 150 euros mensais que gastava até agora, ao deslocar-se cerca de 15 minutos de carro até à Enxara dos Cavaleiros e aí usar o transporte público por 40 euros mensais.
“Com o passe e com carro, ainda consigo poupar uns 40 euros”, referiu à Lusa.
César Lourenço, Dulce Gil e Ana Governo, do Sobral de Monte Agraço, optaram também por andar 10 minutos de automóvel entre esta vila e a Enxara por causa do benefício, em vez dos 156 euros que pagavam ou dos 110 que pagariam a partir de hoje, se entrassem no terminal rodoviário da vila, para usar a mesma linha de transporte.
Luís Bernardo e Luís Santos fizeram o mesmo, mas vindo de Dois Portos, no concelho de Torres Vedras. O passe de 40 euros “compensa muito”, em vez dos 165 euros que custava ou dos 115 que custaria partir de hoje, entrando no autocarro para Lisboa desde aquela cidade.
Se houver mais procura, os utentes esperam que aumente a oferta de horários, visto que existem apenas quatro autocarros entre as 06:30 e as 09:00.
Vários postos da Boa Viagem estavam hoje sem conseguir vender os novos passes devido a “problemas de comunicações, que impediram a atualização dos novos tarifários”, mas que vão ficar hoje resolvidos, explicou Laurinda Martins, da administração da Barraqueiro Transportes, acrescentando que os clientes não estão a ser prejudicados.
Utentes de vários pontos do país, especialmente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, começam hoje a sentir alívio nos preços ao viajar nos transportes públicos com a entrada em vigor do passe único, medida que pretende reduzir o uso do transporte individual.
Os passes metropolitanos Navegante, em Lisboa, e Andante, no Porto, passam a ter um custo máximo de 40 euros e permitem viajar por todos os concelhos das áreas metropolitanas, estimando-se que permitam às famílias poupar, nalguns casos, cerca de cem euros mensais, principalmente para quem se dirige diariamente dos concelhos mais distantes para o centro.
Nas mesmas áreas, para quem quer viajar apenas dentro de um concelho os passes passam a custar um máximo de 30 euros.
No resto do país, coube a cada uma das 21 Comunidades Intermunicipais definir quais os descontos para os seus municípios e algumas começam já a aplicar reduções a partir de hoje, embora a maior parte esteja ainda a ultimar planos para os respetivos concelhos e remeta a sua aplicação para maio.
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