"Não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal", disse Graça Freitas, quando começaram a surgir os primeiros relatos das infeções pelo SARS-CoV-2. É certo que na altura seria difícil prestar qualquer informação de um vírus novo e desconhecido, mas, mais de um ano depois, continuamos no meio de uma crise sanitária e sem conseguir saber ao certo que novas variantes nos esperam. E continuamos a "combater" este vírus com o que temos disponível: restrições, distanciamento social, máscaras, álcool gel e vacinas.
Se em tempos o nosso objetivo era atingir 70% de vacinados para, eventualmente, alcançar qualquer coisa que se assemelhasse com a imunidade de grupo, uma coisa ficou clara: a vacinação terá agora de abranger 85% da população e, com vários concelhos em situação de risco elevado e com um elevado número de novos casos — na semana passada ultrapassaram os dois mil diários —, surge uma necessidade: aumentar o ritmo da vacinação, principalmente perante a rápida disseminação da variante Delta.
Portugal pretender fazer isso mesmo, prevendo-se que seja possível chegar a vacinar cerca de 850 mil utentes por semana. "Estamos numa guerra contra o vírus e vamos dar o máximo que podemos para adiantar o processo de vacinação, levando ao limite", disse, em declarações à agência Lusa, o vice-almirante Gouveia e Melo, explicando que será usado o máximo de stocks de vacinas existentes para aumentar o ritmo de vacinação.
O aumento do ritmo da vacinação trouxe, porém, um problema: longas filas, que de acordo com o responsável pela vacinação contra a covid-19 era expectável devido à aceleração repentina, reconhecendo que tal é um problema e terá de ser resolvido.
Há também outra notícia que marca o avanço do plano da vacinação: foi hoje anunciado que pessoas com 27 ou mais anos também já podem agendar a toma da vacina contra a covid-19 na plataforma da Direção-Geral da Saúde (DGS) destinada a estas marcações.
No entanto, se Portugal é o país da União Europeia que apresenta maior média diária de vacinas administradas por 100 habitantes, com 1,75 doses, não é por isso que Portugal deixa de ser o segundo país da União Europeia com mais novos casos diários de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes na última semana, além de ser o vigésimo no mundo, segundo os dados do 'site' estatístico Our World in Data.
Portugal somou nas últimas 24 horas mais cinco mortos por causa da covid-19 e foram ainda registados 1.483 casos, tendo sido internadas mais 46 pessoas em enfermaria e oito em unidades de cuidados intensivos. E, uma coisa parece certa, graças a avanço da vacinação, apesar do elevado número de casos, e mesmo com o número de internamentos a aumentar, o número de mortos tem sido menor.
Além disso, dentro da EU, é em Portugal que se encontra o maior predomínio da variante Delta entre amostras geneticamente sequenciadas — 73,8%, uma percentagem que no Reino Unido é de 97,53%.
Porém, mesmo com o aumento do número de casos e da variante Delta no Reino Unido, Boris Johnson confirmou hoje que o desconfinamento vai avançar a 19 de julho e que o uso de máscara em espaços públicos fechados e o distanciamento social vão deixar de ser obrigatórios por lei.
Por cá, foi precisamente o contrário: na última semana voltamos a recuar nos passos que nos permitiam estar mais perto de um eventual regresso à normalidade. E nesta altura e com estes números, vale a pena relembrar que, atualmente, o uso de máscara é obrigatório nos locais fechados e na via pública quando não for possível manter o distanciamento social mínimo de dois metros ou em eventos e espetáculos ao ar livre. Por isso, há que manter o uso de máscara, o distanciamento social e, não esquecer, a higienização regular das mãos. Passo a passo, vacina a vacina, de maneira a controlar uma pandemia que, para já, ainda não tem fim à vista.
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